Ophir Loyola realiza primeira radiocirurgia estereotáxica pelo SUS no Pará

O procedimento pioneiro foi realizado no Centro de Radioterapia da unidade, com tecnologia de ponta e sem necessidade de cortes, marcando um avanço histórico no tratamento de tumores cerebrais no estado.

Foto: Ascom Ophir Loyola

O Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia no Norte do Brasil, realizou nesta quinta-feira (17) a primeira radiocirurgia estereotáxica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Pará. O procedimento pioneiro foi realizado no Centro de Radioterapia da unidade, com tecnologia de ponta e sem necessidade de cortes, marcando um avanço histórico no tratamento de tumores cerebrais no estado.

O primeiro paciente a passar pela técnica foi o vigia Edvaldo dos Prazeres, 49 anos, natural de Mojú, que enfrenta um meningioma atípico — tumor benigno no cérebro com recorrência mesmo após quatro cirurgias. Com a nova abordagem, Edvaldo recebeu alta no mesmo dia, demonstrando a eficácia e o baixo impacto da radiocirurgia.

“Primeiramente, entrego tudo nas mãos de Deus e, depois, nas mãos dos médicos. Vai dar tudo certo, tenho fé nisso”, disse Edvaldo, confiante antes do procedimento.

Tratamento de alta precisão

A radiocirurgia estereotáxica é uma técnica minimamente invasiva que utiliza radiação de alta dose, aplicada com precisão milimétrica diretamente na lesão. O procedimento é realizado com o paciente acordado e imobilizado por uma máscara, sem necessidade de craniotomia, reduzindo drasticamente o tempo de recuperação e os efeitos colaterais.

Segundo o radio-oncologista Dionísio Bentes, a aplicação de 1.500 centigray de radiação é feita de forma precisa para preservar as funções neurológicas. “Localizamos a lesão com exatidão e uma margem de segurança, protegendo áreas nobres do cérebro. Isso torna a técnica segura e eficaz”, explicou.

Tecnologia de ponta a serviço da população

A radiocirurgia foi possível graças à aquisição de aceleradores lineares Halcyon – Varian, pelo Governo do Estado, em 2023. Os equipamentos estão entre os mais modernos do mundo e consolidam o HOL como um dos principais centros de radioterapia do país.

“Este é um marco importante para todos nós. Cada avanço como esse é resultado de muito trabalho, dedicação e competência da nossa equipe. É um orgulho ver o serviço se consolidando como referência e transformando vidas com tecnologia e precisão”, afirmou o diretor-geral do hospital, Heraldo Pedreira.

O físico-médico Eduardo Faria detalhou os critérios rigorosos de controle de qualidade envolvidos. O processo é validado com testes e equipamentos internos e externos, garantindo que a dose de radiação atinja apenas a área alvo, com máxima segurança.

Crescimento técnico e quantitativo

Desde que recebeu autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em março, o Centro de Radioterapia do HOL já tratou cerca de 200 pacientes com radioterapia externa e iniciou o atendimento de outros 220. A unidade também realiza aproximadamente 160 sessões mensais de braquiterapia.

Segundo o médico radioterapeuta Cláudio Reis, com a ampliação de turnos e contratação de novos profissionais, o objetivo é alcançar 300 procedimentos mensais, entre teleterapia e braquiterapia.

“Poucos serviços no Brasil atingem esse nível de produtividade e complexidade. Estar entre instituições como o Inca, o A.C. Camargo e o Hospital de Barretos é uma conquista para o Pará e um motivo de orgulho para todos nós”, finalizou.

A realização da primeira radiocirurgia estereotáxica marca um novo capítulo na saúde pública do estado e renova a esperança de centenas de pacientes que lutam contra o câncer.

Leia também: