O deputado federal Éder Mauro (PL-PA) publicou nesta semana uma declaração transfóbica em suas redes sociais direcionada à deputada Erika Hilton (Psol-SP), após a parlamentar denunciar que teve seu gênero identificado de forma incorreta em um visto diplomático emitido pelo governo dos Estados Unidos. “O chassi não bateu?”, escreveu o paraense em tom de deboche, acompanhando a postagem com a reprodução de uma reportagem sobre o caso.
Com histórico de embates agressivos e declarações polêmicas, Éder Mauro afirmou, em resposta à Revista Cenarium, que “a ideologia de gênero já não cola mais” e ironizou a ausência de Erika na conferência oficial em Harvard. Ele também sugeriu que a deputada visitasse a Palestina, “talvez o Hamas seja mais receptivo à identidade de gênero”, disse, acusando Hilton de apoiar o grupo extremista.
Denunciando o episódio como ‘transfobia de Estado’, Erika Hilton cancelou sua viagem aos Estados Unidos após constatar que o visto diplomático foi emitido com o gênero masculino, desrespeitando sua identidade. Ela solicitou uma audiência com o Itamaraty para tratar o caso como um incidente diplomático. Erika seria representante oficial da Câmara na Brazil Conference at Harvard & MIT.
Apesar de já ter obtido vistos corretos antes da gestão de Donald Trump, Hilton afirma que nesta nova solicitação não houve erro por parte dela e que o preenchimento equivocado configura retrocesso e violação de direitos. “É grave e exige providências concretas”, declarou a parlamentar.
Histórico violento de Éder Mauro
Reincidente em episódios de violência verbal e física, Éder Mauro foi acusado em 2024 de agredir o deputado Rogério Correia (PT-MG) durante sessão do Conselho de Ética da Câmara. O petista apresentou exames e vídeos como prova e criticou a lentidão do processo disciplinar contra o bolsonarista, enquanto outros parlamentares enfrentam apurações mais ágeis.
Em outro episódio do mesmo ano, o deputado paraense também foi alvo de críticas ao mencionar de forma desrespeitosa a vereadora assassinada Marielle Franco durante sessão da Comissão de Direitos Humanos. A frase gerou reação imediata de parlamentares da oposição, que o acusaram de agir com intolerância e desprezo às pautas de direitos humanos.
O histórico de Éder Mauro em episódios de violência contra pessoas trans também já foi alvo de denúncias anteriores. Em 2019, o deputado foi acusado de agredir fisicamente a então servidora pública Bruna Lorrane durante uma eleição comunitária no bairro da Marambaia, em Belém. À época, Bruna — que hoje ocupa o cargo de Secretária executiva de Políticas e Bem-Estar da Prefeitura de Belém — relatou ter sofrido agressões ao tentar impedir que o parlamentar confiscasse a urna do pleito.
A denúncia foi registrada na Delegacia da Mulher e acompanhada de imagens dos hematomas. Segundo a servidora, o deputado chegou a gritar que ela “não tinha direito de mulher”, em um episódio que provocou indignação popular e manifestações da comunidade local. Éder Mauro, por sua vez, negou as acusações e alegou se tratar de uma tentativa de vitimização.

Em meio ao episódio recente, cresce a repercussão da cassação do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), aprovada no Conselho de Ética da Câmara por 13 votos a 5, enquanto processos contra parlamentares aliados do governo anterior, como Éder Mauro — acusado de agressões e ameaças —, seguem paralisados.
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