Ao anunciar a filiação do seu primo, o ex-deputado Igor Normando, no MDB, o governador Helder Barbalho atiçou uma série de descontentamentos e desconfianças dentro e fora do seu partido.
Igor, que foi reeleito deputado estadual em 2022, está licenciado da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) desde que recebeu do primo o comando da Secretaria Estratégica de Articulação e Cidadania (SEAC) e chegou a ser cogitado para se filiar ao PT. As conversas foram encaminhadas pelo senador Beto Faro (PT), no intuito de ser candidato à Prefeitura de Belém pela aliança PT/MDB.
Reuniões na casa de Beto Faro e em gabinetes da Alepa teriam sido realizadas durante os primeiros meses deste ano, no intuito de sacramentar a estratégia traçada por Helder, Beto e o ministro das Cidades, Jader Filho, que também é presidente do MDB no Pará.
Mesmo com nota plantada na Folha de São Paulo, dizendo que o MDB teria candidato próprio em Belém e que ofereceria a vice ao PT, Helder não convenceu seus aliados na esquerda paraense e os primeiros sinais de quem não gostou do recado veio dos diretórios municipais do PSOL, PT e PCdoB em Belém.
Ainda em fevereiro, sem a presença de Beto Faro, que é presidente do PT no Pará, o Partido dos Trabalhadores realizou uma plenária com mais de 700 militantes para dizer em alto e bom som que manterá apoio à reeleição de Edmilson.
Agora, com o anúncio da filiação de Igor Normando no MDB e as especulações de que ele será apresentado como pré-candidato à disputa pela Prefeitura de Belém, o PCdoB e o PDT também realizaram plenárias nesta última quarta-feira, 13, para defender a reeleição de Edmilson.
Tendo controle sobre o senador Beto Faro, Helder deve imaginar que o cacique petista conseguirá conter a rebeldia e determinação da base e direções municipais dos partidos de esquerda em mantem-se no projeto de reeleição do atual prefeito, mantendo o PT como vice.
OS 100 PREFEITOS
Jader Filho e o irmão já deixaram claro que pretendem focar no projeto hegemonista de fazer com que o MDB eleja 100 prefeituras, das 144 existentes no Pará, nas eleições de outubro próximo. Os números são ousados e demandam mexidas no tabuleiro das eleições, que vão da cooptação de todos os prefeitos bem avaliados nos seus respectivos municípios, até a sedução de prefeitos e candidatos de partidos de oposição, como o PL, com potencial de elegerem-se.
Essa engenharia política conta com o apoio do irmão, Jader Filho, que além de ser o presidente do MDB no Pará, usa os recursos e promessas de “seu” Ministério das Cidades para aplicar o chamado “Canto da Sereia” e atrair todos os prefeitos possíveis para o MDB e junto com o governador, ampliar os currais eleitorais do partido de forma megalomaníaca, esvaziando os demais partidos de sua base aliada e até de oposição, como já foi dito no artigo Afinal, quem será o sucessor de Helder no governo do Pará?
Ocorre que em todos os municípios que esse plano é discutido, o critério para que os pré-candidatos sejam escolhidos entre seus concorrente é de que Helder e seu irmão adotarão um único critério: As pesquisas eleitorais encomendadas pelo governo e pelo MDB. Dois institutos são usados para esse fim: O Acertar, do cientista político Américo Canto e BMP, de Renato Condurú.
No entanto, a grande contradição de Helder ganha holofote na capital paraense, de onde ele quer decolar para voos mais altos. Se é verdade que o critério para os pré-candidatos a prefeitos do MDB terem o aval da família Barbalho, por que é que o deputado estadual Zeca Pirão, que foi o mais votado nas eleições de 2022 em Belém e que lidera as pesquisas de intenção de voto para prefeito na capital, não é anunciando como o detentor do direito de representar o MDB na disputa pela prefeitura?
ORELHA EM PÉ
“Helder é um líder muito inteligente, mas nós não somos otários. Ajudamos a eleger seu pai, sua mãe, os deputados federais e estaduais que eles nos pedem e fazemos tudo que é demandado. Mas tudo tem limite. Estamos atentos nos movimentos feitos em alguns municípios, onde militantes do MDB estão sendo descartados para que adversários históricos do partido sejam escolhidos para a disputa pelas prefeituras. Se ocorrer isso em Belém, pode ocorrer em outros municípios. Daí, o governador estará assinando para todos verem que o que ele e o irmão falam, não se escreve e nem se cumpre. Tem muita gente de orelha em pé“, desabafou um mdebista que por motivos óbvios pediu para se manter no anonimato.
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