Helder já escolheu seu sucessor, ou seja, o próximo governador do Pará. E não é a Hana!

Está em curso um plano familiar que visa se manter no poder por longos anos e ter tentáculos em todas as esferas de poder, inclusive já tem representantes nos órgãos do poder judiciário, como o TJE-PA e de controle e fiscalização, como o TCE-PA. Nesse plano, não há aliados e sim colaboradores eventuais, todos com preço e prazo de uso e descarte.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Foi com a afirmação usada no título deste artigo, que um importante empresário paraense deu início a uma conversa com lideranças políticas e outros empresários, em uma reunião onde se debatia sobre o futuro da política e de negócios no Pará, realizada esta semana, em Belém.

Hana Ghassan é a atual vice-governadora do estado do Pará. Auditora fiscal de carreira, assumiu cargos nas prefeituras de Ananindeua e Belém e o último foi de secretária de Planejamento, no primeiro governo de Helder Barbalho (MDB), que a tem como fiel e altamente obediente.

“Sua indicação, sem nenhum debate partidário para ocupar a vice-governadoria desagradou muitos líderes do MDB, que há anos acumulam experiência política e vitórias eleitorais, seja como prefeitos ou deputados e aguardam ‘sua vez’ na fila, que foi sumariamente furada pela vontade do prepotente governador. A sina de Helder é fazer com que sua vontade seja aceita, na boa ou na marra. E ponto final”, destacou um participante da reunião.

NÃO DE-COLOU

Desde que foi anunciada sucessora de Helder, o governador faz esforços ferrenhos para destacá-la, dando ampla visibilidade e levando-a a tiracolo para quase todas as agendas políticas e institucionais do governo.

Em junho de 2023, Hana foi nomeada presidente do Comitê Estadual para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, que será sediada em Belém, em novembro do ano que vem.

Desde então, Hana participa de reuniões locais e internacionais sobre a COP, despacha como governadora quando Helder se ausenta do estado e todos que convivem com ela reiteram sua capacidade técnica, mas ao mesmo tempo é com unanimidade que confirma-se que a indicada para suceder o governador é um projeto pessoal de Helder, mas que ouve, vê e sabe que ela não tem o menor traquejo político, carisma e nem personalidade própria para ser a próxima líder do povo paraense.

O DOMÍNIO FAMILIAR

Todo paraense que se preze em ter informações sobre a história da família Barbalho, sabe que como outras oligarquias, o “reinado do norte” age como caciques tribais e usam as mais diversas estratégias e métodos para chegar e se manter no poder. Temos casos deste tipo de políticos dominantes registrados na literatura política. No Maranhão, com a família Sarney, na Bahia, com a família Magalhães, entre outros, o modus operandi é o mesmo: a manutenção do poder por longos anos, com a sucessão familiar e tentáculos em diversos segmentos, da política ao poder econômico e judiciário.

Helder tem o pai, Jader Barbalho senador, a mãe, Elcione Barbalho, deputada federal, o primo, Priante, como deputado federal, o irmão, Jader Filho, como ministro das Cidades e a esposa, Daniela Barbalho, como Conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Pará, órgão de controle que aprecia e julga as contas do governador. Por último, o governador nomeou o primo Alex Pinheiro Centeno para ser o mais novo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado.

Primo de Helder, o deputado federal José Priante (MDB) não esconde de ninguém o rancor por não ter o apoio esperado para “crescer” no ninho político da família Barbalho e alega sempre ser tolhido de voos mais altos. Nem mesmo para ser prefeito de Belém, o primo do Helder consegue o empenho da família Barbalho, revela um atento observador da cena política paraense”, discursou outro participante da calorosa reunião.

Outro primo de Helder está sendo preparado para ocupar cargo de destaque na política paraense. Trata-se de Igor Normando, eleito vereador de Belém e logo depois deputado estadual, reeleito em 2022, mas que não assumiu o mandato para receber de mão beijada o cargo de Secretário Estadual de Promoção Social, responsável pelas “Usinas da Paz”, construídas pela VALE, em contrapartida aos lucros bilionários da empresa no Pará. Igor se apresenta como pré-candidato à prefeitura de Belém. Em 2020, Renan Normando, outro primo de Helder e irmão de Igor foi eleito vereador de Belém, ampliando ainda mais os espaços dos Barbalho no poder.

TENTÁCULOS ATÉ NO JUDICIÁRIO

“A família do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), ocupa 20 cargos no governo do Estado em vagas estratégicas e em órgãos de controle, ao custo de quase meio milhão de reais por mês em salários. Os familiares e cônjuges foram nomeados ao longo das últimas décadas e têm se mantido nos cargos até hoje. As indicações estão pulverizadas no Tribunal de Justiça do Pará, no Ministério Público de Contas dos Municípios, no Tribunal de Contas dos Municípios e na Corte de Contas do Estado (TCE-PA). Seguindo uma prática arraigada no Brasil, a família Barbalho domina política do Pará há décadas. O avô do governador, Laércio Barbalho, foi deputado estadual e diretor da Imprensa Oficial do Estado.

O Tribunal de Contas dos Municípios do Pará é onde está a maior concentração de parentes dos Barbalho. São seis no total, incluindo o cônjuge de uma prima do governador, com salários que somam R$ 141 mil por mês. A conselheira Mara Lucia Barbalho é tia de Helder. O diretor jurídico da Corte, Raphael Maués, é marido de uma prima dele. Quatro primos ocupam cargos de assessoria e subsecretaria.

No Ministério Público de Contas dos Municípios do Pará, órgão responsável por fiscalizar o orçamento das cidades paraenses, dois tios de Helder têm cargos de assessoria e secretaria. Juntos, recebem R$ 77 mil por mês.

Já no Governo do Estado, ocupado por Helder desde janeiro de 2019, estão outros oito parentes. O governador escolheu o primo Lourival Barbalho Júnior, que é auditor-fiscal, para ser secretário-adjunto do Tesouro local. O salário chega a R$ 100 mil mensais.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-PA) abriga três parentes do clã. Além da própria mulher de Barbalho, a advogada Daniela Lima Barbalho, que ganha um salário de R$ 35 mil mensais, um primo e uma tia do governador também atuam no órgão”, revelou matéria jornalística da revista VEJA, em setembro do ano passado.

Quanto ao nome do sucessor de Helder, colocado na referida reunião que iniciou este artigo, vamos revelá-lo na próxima matéria.

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