Reunião emergencial sobre colapso no PSM da 14 gera embate entre CRM e Prefeitura de Belém

Encontro promovido pelo Conselho de Medicina para discutir crise na saúde pública excluiu a gestão municipal e gerou troca de acusações entre as instituições.

A crise na saúde pública de Belém ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (30), após a realização de uma reunião emergencial organizada pelo Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA). O encontro teve como pauta central o colapso no Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti (PSM da 14 de Março), unidade de referência em urgência e emergência na capital paraense, e contou com a presença de representantes do Ministério Público Estadual (MPPA), Ministério Público Federal (MPF), OAB, Justiça Estadual e Federal e Defensoria Pública. A reunião foi realizada na sede do CRM-PA, sob coordenação da presidente Dra. Tereza Cristina Azevedo.

A Prefeitura de Belém, porém, afirmou ter sido excluída da reunião, o que gerou forte reação. Em nota oficial, a administração municipal considerou a atitude “inadmissível e vergonhosa”, alegando que foi deixada de fora apesar de ser a principal responsável pela unidade de saúde debatida. Ainda segundo o comunicado, o secretário executivo de imprensa, Mauro Neto, também foi impedido de acompanhar a discussão como ouvinte, o que a prefeitura classificou como indicativo de interesses políticos por parte do Conselho.

“O CRM-PA está tratando um assunto tão sério como barganha política de péssima qualidade”, afirmou a prefeitura, citando ainda um rombo superior a R$ 200 milhões herdado da gestão anterior, que teria contribuído para a precariedade atual da rede pública municipal de saúde.

O CRM-PA, por sua vez, negou qualquer viés político e lamentou a ausência da gestão municipal em encontros anteriores. O Conselho informou que a reunião emergencial não tratava exclusivamente do município de Belém, e sim de uma crise mais ampla na saúde pública estadual. Ressaltou ainda que a Secretaria Municipal de Saúde (SESMA) havia sido convidada para outra reunião em março, mas não compareceu, apesar de ter confirmado o recebimento do convite.

Sobre o episódio envolvendo o secretário de imprensa, o CRM afirmou que não houve impedimento de entrada, e sim orientação de que a reunião era restrita aos órgãos previamente convocados. Segundo o Conselho, o tumulto teria sido causado pelo próprio representante da prefeitura.

“A atuação do CRM é pautada pela ética e pelo compromisso com a saúde pública. Repudiamos qualquer tentativa de vincular nossas ações a interesses políticos”, afirmou o órgão.

O colapso no PSM da 14 de Março inclui relatos de superlotação, falta de leitos e medicamentos, e pacientes sendo atendidos em condições precárias, cenário agravado com a proximidade da COP 30, que será realizada em novembro em Belém.

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