Na última terça-feira (21), foram realizadas em Santarém, atividades do Projeto Raízes Fortalecidas, executado por meio de parceria do Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Nierac) do MPPA com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e Arquidiocese de Santarém. Em reunião de trabalho com vereadores foi discutida a importância da implantação de um Banco de Germoplasma no município. No espaço Laudato Si e na fazenda da Ufopa foram plantadas mudas da espécie Uncaria tomentosa, conhecida como “unha de gato”, planta medicinal utilizada na medicina amazônica, que está em extinção.
As ações são relacionadas com o projeto FarmaFittos, desenvolvido desde 2021 pela Arquidiocese de Santarém e a Ufopa, promovendo a produção e distribuição de medicamentos fitoterápicos para minimizar efeitos de ansiedade e depressão, em ações nas comunidades do Tapajós, Parauá e Sucuruá. O projeto Raízes Fortalecidas prevê a ampliação do atendimento às populações interessadas e a execução de rodas de conversa, terapias culturais, cultivos, atendimento psicológico específico, oficinas e outras atividades.
Na sede da Promotoria de Justiça, a reunião com a participação dos vereadores de Santarém, Belterra e Mojui dos Campos, teve objetivo de discutir e sensibilizar sobre a importância da implantação de um Banco de Germoplasma, destinado à coleta e preservação de determinadas espécies, de modo a evitar que seu cultivo desapareça, a exemplo da Uncaria tomentosa, além de apresentar informações sobre o projeto e suas possibilidades na política de saúde pública dos municípios.

De acordo com a professora Ana Maria Soares Pereira, pesquisadora do Departamento de Biotecnologia Vegetal da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), a espécie Uncaria Tomentosa está em extinção e faz parte do Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) do SUS. “Isso significaria que essa espécie estaria disponível para a população como anti-inflamatório e antiviral. Mas a espécie está em extinção e se nós não plantarmos agora ela vai se extinguir completamente. Então o CNPQ financiou uma pesquisa para que a universidade pudesse multiplicar in vitro, com técnicas biotecnológicas, essa espécie, e trazer de volta para a Amazônia, e esse material ser cultivado para que no futuro possa ser amplamente distribuído e as populações possam fazer uso”.
Após a reunião, o grupo seguiu para o Espaço Laudato Si, da arquidiocese de Santarém, onde foi feito o plantio de 30 mudas de Uncaria, com a participação dos convidados. No período da tarde houve o cultivo de 100 mudas da mesma espécie, na fazenda da Ufopa, onde será implantado o Banco de Germoplasma. As mudas que foram plantadas em Santarém permaneceram por cinco anos no laboratório localizado em Jardinópolis (SP), e foram catalogadas e identificadas de acordo com as orientações da professora Ana Maria. Serão acompanhadas e comparadas com outras, plantadas em outros locais. Os resultados devem ser divulgados por meio de artigos científicos sobre a viabilidade de espécie, de acordo com ambientes diversos, possibilitando melhorar o cultivo e os usos terapêuticos.
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