Pioneiro, Daniel e Érick: saiba como andam os movimentos da “República de Ananindeua”

A disputa política na "República de Ananindeua" entre antigos aliados dá o tom de uma nova era, onde cada um deverá lutar por sí, depois de um racha sem precedentes.

Pioneiro, Daniel e Érick travam a disputa política na República de Ananindeua
Antes aliados, Pioneiro, Daniel e Érick travam a disputa política na República de Ananindeua. Foto: Reprodução

Atualmente presidindo a COHAB e por isso, com a caneta que distribui os benefícios do “Sua Casa”, antigo “Cheque Moradia”, Manoel Pioneiro teria revelado a amigos e aliados que é pré-candidato a deputado estadual e disputará a eleição de 2026.

Para isso, inicia sua articulação política por Ananindeua, município que governou por quatro mandatos de prefeito, sendo que também já foi deputado por quatro mandatos e está em campanha solo para retornar à ALEPA, depois de ter sido fundamental no início da carreira política do atual prefeito, Dr Daniel Santos (PSB), com quem rompeu a amizade e parceria política, depois deste se lançar pré-candidato ao governo do Pará e de ser apontado de não cumprir acordos políticos e de usar lideranças e aliados em busca exclusivamente de suas ambições por mais poder.

“Se compromete, usa, não entrega o que promete e descarta as pessoas sem o menor escrúpulo. Como quer ser governador desse jeito?”, reclamou uma fonte do EPOL que apoia Pioneiro em Ananindeua.

ÉRICK DE NOVO

Amigo e aliado de Pioneiro, o atual presidente do PSDB de Ananindeua e deputado estadual Érick Monteiro (PSDB) é outro que busca a reeleição sem estar mais ligado ao prefeito Dr Daniel Santos. Após romper as relações políticas e pessoais, Érick diz a aliados que não quer mais papo com Daniel, pelo qual lutou e se expôs bastante, sobretudo quando assessores mais próximos do prefeito de Ananindeua recebiam a visita dos investigadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e da agentes da Polícia Civil em suas casas, que lá cumpriram mandados de busca e apreensão, sobretudo no condomínio onde tanto Érick, quanto Daniel e seu braço direito, Ed Wilson, residem.

A “batida” realizada como parte de uma investigação que apura denúncias com indícios de corrupção envolvendo o hospital Santa Maria, que até pouco tempo pertencia a Daniel, não alcançou sua residência, mas chegou perto. No dia da operação, Érick foi para a frente do condomínio e lá deu entrevistas defendendo o “companheiro” Daniel e seu assessor, Ed Wilson, que são seus vizinhos até hoje.

PSB EM FRANGALHOS

Depois que Dr Daniel “tirou na marra” o PSB do comando de Cássio Andrade, uma verdadeira debandada ocorre nas bases do partido que agora engrossam as fileiras do MDB, onde Cássio filiou-se e levou a maior parte das lideranças municipais.

Já Daniel passa a lotear o partido com a ajuda de ex-aliados de Cássio, como por exemplo, Alexandre Gomes, que foi secretário de habitação de Ananindeua e hoje é vereador do município e atua como tesoureiro do partido; assim como o vice-prefeito de Ananindeua¸ Hugo Athayde que foi colocado como vice-presidente e o ex-deputado e ex-prefeito de Marabá, João Salame, como secretário-geral.

Salame se apresenta como o responsável pela articulação nacional que destituiu Cássio e entregou o PSB de bandeja para Daniel e sua “república”.

“O plano é ter um partido para chamar de seu e assim poder concorrer ao governo do Estado, sem estar refém do domínio do governador Helder Barbalho (MDB), que detém a hegemonia política na maioria dos partidos e lideranças políticas, empresariais e religiosas do Pará”, informa um atentado observador da “República de Ananindeua”.

“Fui surpreendido por uma medida tomada sem qualquer diálogo com os filiados paraenses. Essa escolha desconsidera a história, o compromisso e os valores que construímos ao longo de décadas dentro do partido”, afirmou Cássio Andrade ao EPOL, após ser informado que a direção nacional do PSB havia repassado as chaves do diretório estadual para Daniel e a chamada “República de Ananindeua”, que rachou em 2024 e continua sendo desidratada e precisa se reinventar para conseguir sobreviver diante de tantas reviravoltas pelo poder daqueles que a disputam.

A ETERNA VÍTIMA

Analistas políticos comentam que o discurso vitimista usado por Daniel Santos para o embate político que decretou para ter cada vez mais espaço nas redes sociais, “já deu no saco”.

“Se o problema do Lixo em Belém era todo creditado ao ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), em Ananindeua, a responsabilidade pelas ruas esburacadas, repletas de mato e sacos de lixo domiciliar é sempre despejada nas costas do governador, do presidente, das empresas, ou dos moradores que, pela desculpa esfarrapada da gestão municipal, não deveriam jogar seu lixo nas ruas e sim aguardar a boa vontade de Prefeitura de Ananindeua mandar recolhê-lo”, disse-nos um comerciante que mora e tem uma loja na Cidade Nova IV.

“Se as UPAs estão sem funcionários, medicamentos e demais insumos, ou o hospital materno-infantil não é inaugurado, a culpa é novamente jogadas nas costas dos outros. Se falta merenda nas escolas, ou os professores decretam greve, a mesma ladainha é contada por páginas no Instagram e Facebook, que têm seus links distribuídos em grupos no Whatsapp, seja por robôs (disparos automatizados) ou por pessoas pagas, sabe-se lá com que fonte de recursos”, disparou um ex-vereador que pediu para não ser nominado.

“Em Ananindeua, temos o único prefeito do Brasil que não tem culpa de nada, que posa de perfeito ‘honestão’ e acima de qualquer crítica. Se algo não está bem, a culpa é dos adversários que antes eram aliados e que ele com sua sede e fome insaciável pelo poder, criou e agora se vitima dia e noite tentando assim se projetar politicamente. Até as eleições de 2024, a estratégia colou, se vai continuar é que pago pra ver”, desabafou uma enfermeira que atua em uma UPA em Ananindeua e que pediu anonimato para não sofrer retaliações.

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