Durante a assinatura da ordem de serviço para a construção de uma ponte sobre o Rio Guamá, na PA-127, no município de São Domingos do Capim, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fez uma declaração que gerou polêmica e está dando o que falar nas redes sociais. Em um palco montado para o anúncio, com a presença de diversos políticos aliados, Barbalho afirmou, em tom agressivo, que “depois de deixar o poder, não poderá deixar o estado na mão de um aventureiro”.
Assista:
Helder foi eleito pela primeira vez como governador do estado em 2018, tendo o ex-deputado Lúcio Vale como vice. Lúcio deixou o cargo para ser nomeado por Helder para assumir uma vaga no Tribunal de Contas dos Municípios, após seu irmão, Cristiano Vale, ser preso acusado de liderar um esquema que usava empresas de fachada para fraudar processos de licitação que desviou cerca de R$40 milhões de reais, sendo 80% destinados à merenda escolar de crianças e adolescentes pobres, alunos de escolas de 10 municípios paraenses, por um período de 10 anos.
Lúcio Vale recebeu em sua casa as viaturas da PF, em um dia em que estava como governador em exercício, já que o titular, Helder, estava viajando para o exterior. Além da casa do vice de Helder, os policias deram uma batida no gabinete do governador. Nunca algo parecido havia acontecido na história do Pará. E a imprensa tradicional se calou ou deu a informação de forma distorcida ou muito reduzida.
Meses depois, a casa do governador Helder Barbalho também foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que dessa vez o encontrou em casa, já que todos os policiais federais envolvidos vieram de outros estados. A PF do Pará não foi informada da operação previamente, como das outras vezes, quando, coincidentemente, o governador nunca era encontrado.
Ao todo foram três operações da PF que miraram o governador e seus principais secretários. Alguns deles acabaram presos e liberados depois. Helder foi reeleito em 2022 e dessa vez escolheu como vice-governadora, sua ex-secretária estadual de Planejamento, Hana Ghassan.
Alguns meses depois de reeleito, o governador participou de um evento em Ananindeua, onde anunciou muito precoce que a vice-governadora disputaria sua sucessão em 2026, quando ele já não poderá disputar a terceira eleição, conforme prevê a lei eleitoral. Nunca na história política do país um governante havia feito isso de forma tão antecipada.
Agora, vendo que sua serôdia pré-candidata não decola nas pesquisas eleitorais realizadas até aqui, Helder dispara contra seu ex-aliado, o prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos, que deixou o MDB e filiou-se ao PSB, onde disputará a reeleição este ano.
Talvez, por sentir-se ameaçado de não conseguir emplacar a sucessora desejada, da qual tem controle absoluto, Helder tenha decidido fazer de tudo para prejudicar Daniel, mas suas ações, na verdade acabam prejudicando a população de Ananindeua, assim como os servidores públicos do estado, que tiveram dois importantes hospitais privados descredenciados pelo IASEP, supostamente por ordens do governador, apontado como ‘tirano’, ‘mimado’ e ‘vingativo’, por ex-amigos e aliados, bem como por diversos outros paraenses, como se consegue ver nas inúmeras manifestações nas redes sociais.
Mas o ‘pacote de maldades’ não para por aí. Na última terça-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador, o governador do estado teria ordenado que fossem enviadas cerca de 15 viaturas e 70 policiais para assegurar a montagem do palco de um show promovido pelo governo do Estado, em parceria com o deputado federal Antônio Doido (MDB), anunciado como pré-candidato a prefeito de Ananindeua. Helder e Doido acabaram vaiados durante o evento, sendo que o público presente gritava o nome de Daniel.
Nesta terça (07), um grupo de militantes de partidos políticos aliados ao governador realizaram um proteto em frente à Prefeitura de Ananindeua, segundo eles, para reivindicar que o Hospital das Clínicas de Ananindeua não seja descredenciado pela Prefeitura de Ananindeua. Ocorre que ao pedirmos esclarecimentos à Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua (SESAU), fomos informados que a Prefeitura de Ananindeua segue normalmente o cronograma de pagamento dos hospitais conveniados e que no caso do hospital em tela, a informação oficial é que ele passa por uma análise e auditoria na quantidade de atendimento realizada pelo mesmo.
Ao checarmos o CNPJ do hospital descobrimos que o mesmo tem como sócios os empresários Rafael Bemerguy Sefer e seu irmão, o deputado estadual Gustavo Sefer (PSD). Ronaldo Sefer, pai do Procurador-geral do Estado do Pará, Ricardo Sefer, aparece como sócio da empresa Elimata Participações Societárias LTDA, que também aparece na sociedade que administra o Hospital das Clínicas de Ananindeua.
Ou seja, o Hospital das Clínicas de Ananindeua é de aliados do governador Helder Barbalho e pasmem, foi defendido por suspostas lideranças comunitárias, que no último domingo participaram de um evento supostamente patrocinado pelo deputado federal Antônio Doido (MDB), na sede da ASALP (Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Pará), em Ananindeua, que reuniu lideranças comunitárias e contou com a distribuição de 600 refeições, além de cervejas e refrigerantes.
Com mofos nas paredes, macas contaminadas por sangue e sem a devida esterilização, acúmulo de entulhos, armazenamento inadequado de materiais hospitalares e falta de itens básicos de higiene, o Hospital das Clínicas de Ananindeua está sendo criticado por manter ambientes insalubres e violar normas essenciais para um local que lida diretamente com a saúde da população.
Assim, de ataques e retaliações, o governador Helder Barbalho instala um verdadeiro gabinete de guerra contra o prefeito e a cidade de Ananindeua, prejudicando milhões de cidadãos paraenses que ele jurou defender nos atos de posse como governador do Pará.
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