Mudanças de comportamento, dossiês e ataques marcam reta final da campanha eleitoral em Belém

A reta final da campanha eleitoral em Belém trouxe mudanças e ataques envolvendo os candidatos que disputam a Prefeitura de Belém, mas sem nenhuma novidade sobre eles. ou o que eles representam.

Nas eleições municipais deste ano, apenas quatro municípios paraenses poderiam ter segundo turno, pois são esses que possuem mais de 200 mil eleitores. São eles: Belém, Ananindeua, Santarém e Paraupebas.

Como em Ananindeua e Parauapebas, Dr. Daniel Santos (PSB) e Toni Cunha (PL) venceram as eleições já no primeiro turno, no próximo domingo (27), apenas os eleitores de Belém e Santarém voltarão às urnas para decidir o segundo turno nos dois municípios paraenses.

Em Belém, a disputa segue entre os candidatos Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL). Em Santarém, JK do Povão (PL) e José Maria Tapajós (MDB) travam a disputa pela prefeitura.

BELÉM E A ESTRATÉGIA “PAZ E AMOR”

A ideia de repetir a fórmula do marketing eleitoral usada por Lula em 2022, sendo apelidada de Lulinha Paz e Amor, garantiu a Éder Mauro uma verdadeira mudança no comportamento e no estilo bolsonarista mais agressivo vistos nos debates em Brasília.

Para muitos, durante toda a campanha municipal deste ano, Éder Mauro deve ter dado ouvido e aceitado a orientação de quem entende de marketing e realizou pesquisas qualitativas e assim definida uma estratégia eleitoral que ele passou a usar.

O eleitor pode então ver o delegado adotar um perfil de gestor público, apresentando propostas de políticas públicas, como garantir renda às mulheres de baixa renda, reaproveitar água da chuva e colocou-se apto a coordenar a COP30. Tudo muito diferente do que sempre fez e pregou na Câmara dos Deputados, desde que foi eleito parlamentar, onde acusado de ser miliciano, já admitiu diversas vezes que já matou “e não foi pouco”, além de defender a extinção dos adversários de esquerda e se pautar na maioria das vezes por bandeiras moralistas e polêmicas, como a proibição do aborto, a redução da maioridade penal e fazer ataques à países estrangeiros, como Cuba, Venezuela, entre outros.

A mudança de comportamento de Éder Mauro já gerou diversos comentários e especulações das mais diversas nas redes sociais e o uso de um cachorro “vira-lata”, além de sua vice para anemizar a carga pesada que sempre trouxe consigo em suas apresentações públicas, fez com que a campanha do bolsonarista fosse leve e ateve-se mais na exploração de imagens de pessoas sorrindo ao som do jingle (grude) e de dancinhas durante todo o primeiro turno e até aqui.

FORA DO TIMING

Repetindo o mesmo programa no rádio e na TV durante cerca de uma semana, a campanha de Éder Mauro deu ares de que estava sem recursos, ou pelo menos economizando. Mas a partir do último sábado (19), o que se vê no horário eleitoral gratuíto do PL é uma série de vídeos com ataque como nunca fez durante todo esse processo eleitoral.

Usando recortes de matérias jornalísticas antigas, a propaganda de Éder Mauro ataca a esposa do adversário, Igor Normando; o pai do candidato a vice, Cássio Andrade (PSB) e a família Barbalho, do qual seu adversário faz parte. Tudo com uma fórmula considerada como fora do timing e que não deverá surtir o efeito desejado, haja visto que as pesquisas revelam uma vantagem considerável para o candidato do MDB.

Desde o início da campanha eleitoral, todos os concorrentes tentaram usar o fato do parentesco de Igor Normando com o governador Helder Barbalho (são primos) como sendo algo negativo e até o chamando de marionete, mas pelo que se percebe, a maioria dos eleitores não se importa com isso, ou melhor, até preferem que assim seja.

ERROS E APOIOS INEXPRESSIVOS

Para muitos observadores, a iniciativa do candidato do PL em Belém é sintoma de um sentimento de derrota que abateu a equipe de propaganda e o próprio Éder Mauro. Outros dizem que ele tá certo e que nunca deveria ter abandonado o estilo bolsonarista que vem mantendo há muito tempo e que supostamente teria garantido-lhe os votos que o levaram ao segundo turno.

Contando apenas com o apoio de dois candidatos, dos nove com quem disputou o primeiro turno: Italo Abati (Novo) e Jefferson Lima (Podemos), que por sinal não foram sequer usados nas peças publicitárias de Éder Mauro, o bolsonarista tem pouco a fazer nesta reta final de campanha. Um debate está previsto para ocorrer essa semana e pode ser a única e mais provável possibilidade de algo de inusitado acontecer antes do domingo, dia D do segundo turno.

A BUSCA PELO VOTO DA ESQUERDA

Em seu discurso logo após o resultado do primeiro turno, o delegado fez questão de dizer que espararia pelo apoio dos demais candidatos e seus respectivos eleitores, tendo inclusive dito em uma entrevista na TV que a esquerda deveria votar nele depois de tudo que o governo de Helder Barbalho (MDB) fez contra a gestão de Edmilson Rodrigues (PSOL).

TROPA EM AÇÃO

Ao lado de Igor Normando, os candidatos adversários no primeiro turno, Edmilson Rodrigues (PSOL), Thiago Araújo (Republicanos), Eguchi (PRTB), assim como diversas lideranças de partidos, igrejas, entidades do terceiro setor, entre outros, foram convocados para ajudar a sacramentar a vitória prevista pelo MDB em Belém.

Dois senadores, Jader Barbalho (MDB) e Beto Faro (PT), além de deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores de todos os cantos do Pará estão sendo mobilizados a envolverem-se na campanha eleitoral em Belém.

Segundo fontes ouvidas por nossa redação, a estratégia de mobilização geral é para não dar chance ao azar e assim consolidar a liderança do candidato do MDB na ideia de conquistar a capital paraense para o projeto hegemônico iniciado em 2018 e que segue com 88 prefeituras conquistadas até aqui, podendo chegar a 90, caso vençam em Belém e Santarém.

DOSSIÊ RESGATA O PASSADO DO DELEGADO

Se a campanha de Éder Mauro trouxe a público matérias jornalísticas antigas contra parentes de seus adversários, seus adversários usaram um site apócrifo trazendo um dossiê sobre a vida e feitos do delegado, que inclui momentos e fatos controversos de sua atuação policial e política.

DANIEL E OS VOTOS DAS ÁREAS LIMITROFES

Uma das maiores conquistas de Éder Mauro nesse segundo turno foi ter ao seu lado, o prefeito releito de Ananindeua, Dr Daniel Santos (PSB), que com 83,48% dos votos válidos teve a maior votação proporcional do Pará e uma das maiores do Brasil e com quem o delegado foi até uma rua de um bairro que faz fronteira entre Belém e Ananindeua e lá gravaram um vídeo exibido na propaganda eleitoral gratuíta e nas redes sociais. A ideia passada pela mensagem do vídeo é que o melhor para os moradores dessas áreas que sempre estiveram abandonados é terem dois prefeitos sintonizados politicamente, para fazer com que as políticas públicas cheguem aos que mais precisam.

GOVERNO INTENSIFICA PROPAGANDA SOBRE BELÉM

Nos últimos dias observamos um reforço nas inserções da propaganda do governo do estado exibida no rádio e na TV, sobretudo sobre as obras e serviços realizados em Belém, com destaque para as usinas da paz, principal programa social da gestão de Helder Barbalho, anunciada como o maior da América Latina e que além de ser a única experiência como gestor público foi o principal ativo político usado por Igor Normando em sua campanha eleitoral até aqui.

Leia também: