De Moju à Ponte JK: obras emergenciais em pontes no Brasil expõem desafios de infraestrutura

O Portal Estado do Pará On-line traz comparações sobre os valores da obra de 200 metros da ponte sobre o rio Moju com que desabou no tocantins no último domingo (22). Confira:

Ponte sobre o rio Moju. Foto: Reprodução

Renan Filho, ministro dos Transportes, esteve no Maranhão, onde ocorreu o rompimento da ponte Juscelino Kubitschek no último domingo (22). O ministro anunciou a publicação de um decreto emergencial para a reconstrução da ponte ainda em 2024.

De acordo com Renan Filho, uma nova estrutura será entregue em 2025, juntamente com todas as obras necessárias. A previsão é de que sejam investidos entre R$ 100 e R$ 150 milhões nas obras de reconstrução. A estrutura que desabou tinha uma extensão de aproximadamente 533 metros.

Localizada na BR-226, sobre o rio Tocantins, a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira liga os estados do Maranhão e Tocantins pelos municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO). Além da relevância social, o eixo rodoviário é fundamental para o escoamento da produção e o transporte de mercadorias entre os dois estados.

O que é uma obra emergencial?

As obras emergenciais são necesárias em motivos de urgência e podem ser aplicada em casos de: desastres naturais, pandemias, acidentes graves, catástrofes, riscos à segurança, patrimônio público e etc.

Obras emergenciais precisam de licitações?

De acordo com o artigo 24, inciso IV da Lei 8.666/1993, as obras emergenciais não precisam de licitação, pois o poder público pode contratar diretamente em situações de urgência.

Conlicitação

Caso parecido no Pará

Acidente na ponte do rio Moju. Foto: Reprodução

Em abril de 2019, uma embarcação de pequeno porte colidiu com um dos pilares da ponte sob o rio Moju, na rodovia PA-483, que liga a região metropolitana de Belém (RMB) ao interior do Estado. No acidente, apenas 200 dos 860 metros da ponte foram atingidos. O desabamento da ponte não resultou em vítimas fatais.

Diante do ocorrido, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), decretou a realização de uma obra emergencial para a reconstrução da ponte, com um valor final de R$ 113 milhões.

Além de declarar estado de emergência, Helder Barbalho também determinou a instalação de protetores de pilares em todas as quatro pontes do complexo da Alça Viária.

Empresa contratada por Helder Barbalho

Com o decreto de emergência para o início das obras, o governador Helder Barbalho, junto com o secretário de Infraestrutura da época, Vilmo da Silva Grunvald, firmou contrato com a empresa A. Gaspar S/A, pelo valor inicial de R$ 104 milhões. A procuradora-geral do Ministério Público de Contas, Silene Vendramin, afirmou: “A contratação deveria ocorrer por dispensa de licitação. Contudo, mesmo sendo uma dispensa, houve, de certa forma, uma competição”.

Obras na ponte sobre o rio Moju. Foto: Reprodução

Obras superfaturadas?

Segundo uma fonte exclusiva do Portal Estado do Pará On-line, em consulta com um orçamentista de projetos, a reconstrução dos quatro pilares da ponte sobre o rio Moju poderia ser realizada por aproximadamente R$ 58 milhões.

Obras da ponte dos Barreiros tiveram que ter 50 pilares recuperados. Foto: Reprodução

Algo semelhante ocorreu na Ponte dos Barreiros, em São Vicente, São Paulo, em 2021. A situação da população foi agravada pelo fato de a ponte sobre o rio ser a única via de locomoção para os moradores da cidade. A obra foi realizada no mesmo ano e incluiu a reparação de 50 pilares. O valor total da reconstrução foi de R$ 57.645.247,70, sendo R$ 5.767.831,91 destinados à fase emergencial e R$ 51.064.668,68 à segunda fase, que concluiu a obra.

Inauguração da ponte sobre o rio Moju. Foto: Reprodução

Comparação

No mesmo ano (2019), foram iniciadas as obras na ponte sobre o rio Parnaíba, que possui uma extensão de 185 metros, 15 metros a menos que a ponte sobre o rio Moju. O que causou estranheza na população foi o custo da obra, que foi de R$ 60 milhões, equivalente a 53% do valor gasto na reconstrução da ponte da Alça Viária.

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