O portal Estadão realizou uma investigação sobre imagens divulgadas como sendo do Marajó, associadas a uma denúncia da senadora Damares Alves (Republicanos) sobre tráfico de menores no Pará. O conteúdo, compartilhado no Instagram, mostra um vídeo de policiais retirando um grande número de crianças de dentro de um carro, vinculado a outra gravação onde a senadora denuncia o tráfico sexual de crianças na Ilha do Marajó.
Após verificação, o Estadão concluiu que a associação é enganosa. O vídeo das crianças foi gravado no Uzbequistão e não mostra o resgate de vítimas de exploração sexual ou tráfico humano. A condutora do veículo era proprietária de uma escola infantil onde as crianças estudavam, sendo flagrada por agentes de trânsito transportando alunos de forma irregular para suas casas. As imagens foram divulgadas em um site do governo do Uzbequistão.
Quanto ao vídeo de Damares Alves, foi gravado em 2022, quando ela concorria ao cargo de senadora. O Ministério Público Federal investigou as acusações, porém não encontrou provas. A senadora foi acusada pelo órgão de fazer uma denúncia sensacionalista visando às eleições daquele ano.
As denúncias de Damares foram feitas em outubro de 2022 em uma igreja da Assembleia de Deus, em Goiânia (GO). Após questionamentos sobre as provas, Damares citou três CPIs sobre o assunto que, segundo ela, confirmariam suas falas. No entanto, o Estadão consultou os relatórios das comissões e não encontrou os fatos mencionados.
A Procuradoria da República no Pará concluiu que, apesar da mobilização e da movimentação de recursos públicos, nenhuma das acusações foi confirmada. O órgão moveu uma ação civil pública pedindo que Damares seja condenada a pagar R$ 2,5 milhões de indenização por denúncias infundadas. O mesmo pedido foi feito contra a União.
Embora reconheça as graves violações de direitos humanos na região do Marajó, incluindo exploração sexual de crianças e adolescentes, a Procuradoria afirmou que nunca recebeu denúncias semelhantes às feitas pela ministra, argumentando que os registros compartilhados pelo ministério liderado por Damares eram desorganizados e genéricos.
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