Publicação inédita sobre conhecimento científico na Amazônia é lançada nesta quarta em Belém 

A coletânea é uma das iniciativas do movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP-30”, que será lançado pela UFPA nesse dia 05 de fevereiro, em conjunto com outras instituições de ensino e pesquisa amazônicas ecom apoio de organizações da sociedade civil

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Durante o lançamento do movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30”, nesta quarta-feira, dia 05 de fevereiro, a Universidade Federal do Pará divulga uma publicação inédita que apresenta uma amostra doconhecimento científico, social e acadêmico produzido na região. A partir deste exemplar, a cada mês, será lançado um número com textos redigidos de forma acessível a diferentes públicos, de autoria de docentes e pesquisadoresdas instituições de ensino e pesquisa da Amazônia e delideranças da sociedade civil e dos povos e comunidades tradicionais.

Assim, buscando visibilizar esses conhecimentos e os fazendo circular de forma ampla, o Movimento defende que a COP-30 seja não apenas a conferência da floresta, mas também um marco no reconhecimento, respeito e inclusão dos povos e comunidades mais vulneráveis. Desse modo, colabora-se para transformar a Conferênciaem um marco efetivo para a luta contra as mudanças climáticas e na promoção de um futuro sustentável e inclusivo para a região e para o planeta.

Neste primeiro número são disponibilizados à sociedade 12 textos de diferentes áreas do conhecimento, explorando dimensões que envolvem aspectos humanos e da sociobiodiversidade da Amazônia em articulação com as temáticas da COP 30. Vale ressaltar que essa publicação poderá ser acessada nacional e internacionalmente, pois terá sua versão original em português, com tradução em três idiomas: inglês, francês e espanhol. 

A coletânea é uma das iniciativas do movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP-30”, que será lançado pela UFPA nesse dia 05 de fevereiro, em conjunto com outras instituições de ensino e pesquisa amazônicas ecom apoio de organizações da sociedade civil. O projeto objetiva garantir que os atores locais tenham uma participação ativa no processo de negociações climáticas, ampliando a visibilidade das respostas ao aquecimento global gestadas na região. 

O movimento enfatiza que a Bacia Amazônica desempenha um papel crucial na dinâmica econômica, ambiental e geopolítica global, e é de particular importância para o Brasil e para o mundo, no entanto é preciso expandir a visão que se tem hoje acerca das características do nosso ecossistema. É fato, que com uma extensão aproximada de sete milhões de quilômetros quadrados, o Bioma Amazônia abriga uma das maiores sociobiodiversidades do Planeta e com grande relevância para a manutenção da estabilidade climática por meio do sequestro e armazenamento de carbono.

É importante ressaltar ainda que o Brasil abriga mais de 5 milhões de km² da Amazônia, o que corresponde aaproximadamente 60% do seu território. A região concentra aproximadamente 70% de todas as áreas protegidas continentais e 83% das terras indígenas e povos originários do país. Entretanto, além de sua relevância ambiental e climática, a Floresta Amazônica é o lar decomunidades tradicionais como quilombolas (descendentes de escravos negros), extrativistas,ribeirinhos e povos indígenas. 

“Esses grupos, por milhares de anos, desempenham um papel crucial na preservação da floresta, combinando práticas sustentáveis com um profundo conhecimento do ambiente amazônico. Eles constituem ‘as populações da floresta e das águas amazônicas’ apresentam perfis distintos, mas são igualmente herdeiros de conhecimentos sobre o ambiente amazônico e formas de coexistir nele e com ele. Porém, as estratégias de apropriação do território e manutenção da floresta viva dessas comunidades muitas vezes não são compreendidas e devidamente incorporadas às orientações das políticas de planejamento territorial da região”, pontua o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva. 

O reitor, que assina a apresentação da coletânea,destaca ainda que “para essas populações, a qualidade da água, do solo e da biodiversidade são fundamentais para a manutenção de sua sobrevivência e modo de produção e, por isso, são as populações que sofrem os impactos mais significativos do extrativismo em larga escala (por exemplo, para produção de energia e minerais) e da pressão para expansão das cidades e da agricultura. Ainda assim, suas vozes e perspectivas costumam ser negligenciadas nos debates globais sobre a Amazônia, que frequentemente negligenciam o papel central dessas populações e suas estratégias para manter a floresta viva”.

Em novembro de 2025, Belém será a sede da COP-30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes). Esse evento histórico reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais (ONGs) e representantes da sociedade civil para discutir caminhos de solução da crise climática. Mais do que um palco global para reafirmar o papel do Brasil nas negociações climáticas, a COP-30 é uma oportunidade única de colocar as populações amazônicas no centro das discussões. Afinal, são essas populações asguardiãs da floresta e das águas, responsáveis por preservar os ecossistemas que sustentam toda a humanidade.

Programação:

9h- Abertura

10h às 12h – Painel: Mobilização Social e os Desafios da COP 30

12h-14h – Almoço

14h – 14h40 – Pronunciamento (Ao vivo pela internet) – Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima

14h45 – 16h – Painel Entendendo a COP do Clima

16h às 17h30 – Painel Diálogos do Fazer Ciência na Amazônia

17h30 às 18h30 – Conferência Magna – Reitor da Universidade Federal do Pará 

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