O primeiro impacto de quem entra no sistema carcerário costuma ser a sensação de fim. No entanto, no Pará, esse momento pode marcar um novo começo. Há quatro anos, o projeto “Novas Histórias” transforma o percurso de mulheres custodiadas na Unidade de Custódia e Reinserção Feminina (UCRF), em Ananindeua, por meio da educação superior a distância. Atualmente, dez internas participam da iniciativa.
Idealizado pelo grupo Ser Educacional em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), o projeto oferece 14 bolsas de estudo em cursos como Pedagogia, Letras, Design de Interiores e Ciências Contábeis, com apoio da Universidade da Amazônia (Unama). A ação é voltada para mães em situação de vulnerabilidade, e já resultou na formatura de duas internas, ainda durante o cumprimento da pena.
Segundo Patrícia Sales, coordenadora da Educação Prisional da Seap, a iniciativa revela novas perspectivas às participantes. “Quando saírem do cárcere com o diploma, será mais fácil se reintegrarem à sociedade e buscarem uma vida melhor”, destaca. Ela também aponta que as estudantes se tornam referência para suas famílias e inspiram outras mulheres privadas de liberdade a retomarem os estudos.
Natali Benassuly, pedagoga da unidade, ressalta que o projeto foi pioneiro ao oferecer graduação a pessoas privadas de liberdade e incentivou outras internas a concluírem o Ensino Médio. Em 2024, duas alunas se formaram ainda reclusas: Leilane Barbosa e Rosa Cravo. Atualmente, outras 60 internas da UCRF se preparam para o Enem PPL, com o objetivo de seguir o mesmo caminho.
Leilane relata que, mesmo em privação de liberdade, se sente apoiada e motivada. “Minha vida não parou. Estou estudando e feliz por isso. Quero seguir com meus sonhos, dar exemplo às minhas filhas”, afirma. Ela já possuía uma graduação em Pedagogia e, agora, soma uma nova formação em Design de Interiores.
Rosa, atualmente em regime semiaberto, também comemora a conquista e faz um apelo: “A educação é a melhor forma de se libertar. Mesmo com todas as dificuldades, vale a pena lutar pelos sonhos”. Com depoimentos como esse, o projeto “Novas Histórias” se consolida como uma ferramenta de transformação social dentro do sistema prisional paraense.
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