Pesquisadores estudam impacto da exploração de petróleo em botos em três municípios paraenses

O objetivo da missão é monitorar a saúde e o comportamento dos botos, aves e tartarugas marinhas da área, a fim de verificar possíveis impactos da sísmica, técnica utilizada por empresas para a exploração de petróleo na fauna local

Foto: arquivo BioMA

Cerca de oito pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) iniciam neste domingo (05) uma expedição pela costa dos municípios de Bragança, Augusto Corrêa e Viseu, na região do salgado paraense. O objetivo da missão é monitorar a saúde e o comportamento dos botos, aves e tartarugas marinhas da área, a fim de verificar possíveis impactos da sísmica, técnica utilizada por empresas para a exploração de petróleo na fauna local.

Foto: arquivo BioMA

De acordo com Angélica Rodrigues, bióloga e pesquisadora do Instituto BioMa, grupo da Ufra responsável pela pesquisa, a sísmica envolve a utilização de tecnologias para analisar o fundo do mar e identificar potenciais áreas de petróleo. Para que o licenciamento ambiental da atividade seja aprovado pelo Ibama, é necessário realizar monitoramentos contínuos da fauna local, tarefa que está sendo realizada pelo Instituto BioMa.

Monitoramento e Estudos de Impacto

Durante a expedição, que ocorre até o dia 08 de outubro, os pesquisadores irão avaliar diversos aspectos relacionados aos animais, como deslocamento, comportamento, saúde, vocalizações e até casos de encalhe. “Sabemos que os navios envolvidos nas pesquisas sísmicas podem causar impactos. Por isso, realizamos esse monitoramento contínuo. Em Marajó e Marapanim, temos equipes de 15 em 15 dias, e na região de Bragança e Viseu, o monitoramento ocorre a cada dois meses”, explica Angélica Rodrigues.

Este é o segundo embarque da pesquisa, que integra o Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC). O projeto tem duração de um ano e abrange as bacias do Pará-Maranhão e a região da Foz do Amazonas. Além de ser um requisito para o licenciamento ambiental do Ibama, o PCMC também gera relatórios que são enviados ao instituto e às empresas responsáveis pela atividade sísmica.

Encalhes e Análises

O Instituto BioMa realiza o monitoramento de encalhes de botos, baleias, golfinhos, tartarugas e peixe-boi na região há anos. Desde o início do projeto, em junho de 2024, cerca de 30 chamados foram atendidos, e três animais mortos foram resgatados na região de Ajuruteua, em Bragança.

Foto: arquivo BioMA

“Nosso objetivo é coletar as bulas timpânicas, ossos do ouvido interno dos animais. Isso nos permite analisar se há impacto da sísmica nesses cetáceos”, conta Rodrigues. As análises dos ossos e outros exames são realizados pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UFRN), colaboradora do projeto.

O instituto também realiza necropsias dos animais resgatados, com apoio dos médicos veterinários no laboratório de Necropsia de Pequenos Animais da Ufra. Apesar de não haver uma causa definida para a morte dos botos encontrados, os pesquisadores destacam que muitos apresentam sinais de interação acidental com redes de pesca. Além disso, há registros de mutilações, especialmente de órgãos genitais, que ainda são procurados de forma ilegal na região amazônica para a fabricação de remédios tradicionais.

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