Muitos tiros e um morto. Populares denunciam que PM executou um homem em Salinas

Polícia mata em Salinas
Policial tenta evitar que populares gravem a operação que resultou em um homem baleado e provavelmente morto.

Um vídeo que chegou à redação do portal diogenesbrandao.com mostra uma operação policial na comunidade de Bom Jesus, em Salinas, onde há um intenso tiroteio e que acabou com um homem baleado e provavelmente morto.

Durante a gravação feita por celular de um jovem é possível ver uma policial coletando cápsulas de balas, o que não deveria ser feito, já que impede que o trabalho da perícia científica seja realizado conforme a lei.

Outro policial aparece tentando evitar que a cena seja gravada. Depois de muitos tiros e com um corpo caído ao chão, ainda é possível ouvir outros dois tiros. A suspeita é de que os policiais executaram o homem, supostamente conhecido por Lucas.

PENA DE MORTE?

A violência policial tem se mantido como uma questão crítica e preocupante tanto no Brasil quanto no estado do Pará. Apesar dos esforços para promover a segurança pública, estatísticas alarmantes revelam que a população continua a ser vítima de abusos e excessos por parte das forças de segurança. É necessário tocamos nesse assunto dada a gravidade do problema e os desafios em busca de soluções.

PANORAMA NACIONAL

No Brasil, a violência policial é uma questão de longa data, muitas vezes relacionada a problemas estruturais e deficiências nas instituições de segurança pública. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, foram registradas mais de 6.000 mortes decorrentes de intervenções policiais, representando um aumento de 4,8% em comparação com o ano anterior. Esses números expõem uma realidade assustadora e suscitam preocupações sobre o uso desproporcional da força por parte das autoridades.

A REALIDADE PARAENSE

No estado do Pará, a violência policial tem sido uma questão especialmente delicada. Dados fornecidos pela Ouvidoria de Polícia do Pará revelam um aumento nas denúncias de abusos cometidos por agentes policiais nos últimos anos. Somente em 2022, foram registradas mais de 300 denúncias de violência policial, envolvendo agressões físicas, detenções arbitrárias e até mesmo homicídios. Esse cenário lança luz sobre a urgência de reformas e mudanças na abordagem policial no estado.

Apesar da violência policial ser maior contra pessoas pobres e na periferia dos municípios paraenses, há casos onde a polícia é apontada como autora de crimes contra os próprios policiais. É o caso do soldado Edileno Américo Viana, que no dia 22 de Junho deste ano levou um tiro na região da nuca e morreu depois de ser hospitalizado e não resistir ao ferimento. A suspeita é que o tiro que atingiu o PM partiu da arma de um outro policial. Saiba mais sobre o caso na matéria: Urgente e Exclusivo: Não foram piratas que mataram PM em Cametá e sim um tenente, revela policial

Outro caso também recente segue sem manifestação por parte da polícia e do sistema de Segurança Pública do Pará, sob o comando do secretário Ualame Machado.

Policiais que participaram da emboscada a um grupo que havia sequestrado um empresário de Castanhal, afirmam que os tiros que atingiram o policial Adriano Francisco Leitão Neto saiu da arma de um ou mais policiais, após operação atabalhoada, na avenida Almirante Tamandaré, no bairro Batista Campos, na noite do dia 4 de Julho, em Belém. Saiba mais sobre o caso na matéria: Morre o policial atingido por tiros em operação contra sequestradores. Os tiros teriam saído de armamento da PM

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

As causas subjacentes à violência policial são complexas e multifacetadas. Questões como treinamento inadequado, baixos salários, condições precárias de trabalho, impunidade e falta de accountability contribuem para a perpetuação desse problema. Além disso, a desigualdade social, o racismo estrutural e a marginalização de determinadas comunidades também estão intrinsecamente ligados ao aumento da violência policial.

As consequências da violência policial são profundas e devastadoras. Além das vítimas diretas, as comunidades afetadas enfrentam trauma, desconfiança nas autoridades e um ciclo de violência que pode se autoalimentar. A imagem negativa das forças policiais também prejudica a relação entre a polícia e a sociedade, dificultando a construção de parcerias para a promoção da segurança.

EM BUSCA DE SOLUÇÕES

Enfrentar a violência policial requer esforços coordenados em diversas frentes. É essencial investir em treinamento de qualidade para os agentes, enfatizando a abordagem de respeito aos direitos humanos e a importância do uso proporcional da força. Além disso, mecanismos eficazes de accountability, investigações imparciais e punições adequadas são cruciais para impedir a impunidade.

No Pará e no Brasil, a sociedade civil desempenha um papel fundamental ao levantar a voz contra a violência policial, exigir transparência e fiscalizar as ações das forças de segurança. A implementação de políticas públicas que abordem as causas subjacentes da violência, como desigualdade e discriminação, também é essencial para criar um ambiente de segurança mais justo e equitativo.

VIOLÊNCIA NÃO SE COMBATE SÓ COM A POLÍCIA

A violência policial no Pará e no Brasil persiste como um desafio complexo e alarmante que exige atenção urgente. O combate a esse problema requer um esforço conjunto de autoridades, sociedade civil e instituições internacionais para garantir que a segurança pública seja verdadeiramente promotora de proteção, respeito aos direitos humanos e justiça para todos.

Leia também:

PM ataca e fere policiais penais que protestavam em frente ao gabinete de Helder Barbalho

A foto com o PM traficante e as perguntas que o Secretário de Segurança do Pará não quis responder