Justiça inicia julgamento de 36 acusados por contrabando bilionário de ouro no Pará

Grupo teria exportado ilegalmente ouro extraído da região de Itaituba; bens de R$ 19,6 bilhões foram bloqueados

Documentos obtidos durante investigações do Ministério Público Federal (MPF), em cooperação com a Receita e a Polícia Federal, levaram a Justiça Federal a dar início ao julgamento de 36 pessoas acusadas de envolvimento em um esquema internacional de contrabando de ouro extraído ilegalmente no Pará. A denúncia, que foi oficialmente recebida pela Justiça no último dia 21, inclui suspeitas de crimes como lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e contrabando qualificado.

Estima-se que entre 2018 e 2023, os réus atuaram em uma organização criminosa especializada no “esquentamento” do ouro, ou seja, na inserção de metal de origem ilegal no mercado formal por meio de notas fiscais falsas ou superfaturadas. As empresas envolvidas operavam em conjunto com exportadoras que remetiam o ouro ilegal a destinos como Emirados Árabes, Índia, Hong Kong, Itália e Suíça, utilizando uma empresa registrada nos Estados Unidos.

Responsável por autorizar medidas durante a apuração, a Justiça Federal bloqueou, ainda em 2023, R\$ 19,6 bilhões em bens ligados ao grupo, incluindo empresas supostamente usadas na lavagem dos lucros obtidos com o esquema. O montante é considerado um dos maiores já bloqueados em investigações sobre garimpo ilegal na região amazônica.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em fevereiro de 2023 durante a Operação Sisaque, deflagrada nos estados do Pará, São Paulo, Amazonas, Roraima, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. A ação também incluiu perícia em áreas de lavra indicadas nas notas fiscais, além da análise de celulares e dispositivos eletrônicos dos investigados.

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