Enquanto o resto do mundo passa a importar cada vez mais o açaí, o alimento tem se tornado artigo de luxo para os próprios paraenses. O litro do açaí grosso chegou a R$ 52,10 em abril, que representa uma alta de 56% apenas nos quatro primeiros meses de 2025 segundo o Dieese-Pará.
Diante do aumento recorde, moradores de Belém têm recorrido à chamada chula (água residual da lavagem do caroço) para diluir o produto e seguir consumindo o açaí no dia a dia. A entressafra, comum entre janeiro e maio, contribui para o encarecimento, mas não explica sozinha a crise. A estiagem prolongada em 2024, agravada pelo El Niño, comprometeu a safra, reduzindo a qualidade e a quantidade da fruta que chega à capital.
Enquanto isso, a valorização do açaí no mercado externo impulsiona as exportações, que saltaram de 1 tonelada em 1999 para mais de 61 mil em 2023, e atrai pequenos produtores antes voltados às feiras locais segundo a BBC. Com isso, o abastecimento de Belém e outros municípios foi afetado, deixando batedores sem insumo e sem renda.
Na contramão, a fruta ganhou espaço na Califórnia e em Dubai. Agora, os trabalhadores da cadeia produtiva e consumidores locais enfrentam um dilema: enquanto o mundo aprende a amar e consumir o açaí, quem vive onde ele nasce luta para manter o alimento tradicional na mesa.
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