Com alagamentos recorrentes e riscos ambientais crescentes, Belém está se preparando para implementar um plano municipal de enfrentamento às mudanças climáticas. O anúncio foi feito durante um seminário realizado na quinta-feira (22), que reuniu especialistas, técnicos e representantes das três esferas de governo no auditório da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
Promovido pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR), em parceria com a Prefeitura de Belém, o governo do Estado, o Ministério do Meio Ambiente e o Iclei (organização internacional voltada a iniciativas ambientais locais), o evento debateu estratégias de adaptação e redução de riscos diante do avanço da crise climática nas cidades brasileiras.
“Esse evento foi importante principalmente porque as três esferas de governo federal, estadual e municipal – estavam presentes, discutindo riscos e construindo uma política climática e de redução de riscos. A partir desse seminário, vamos construir um plano de ação para executar as propostas apresentadas aqui”, afirmou a secretária municipal de Meio Ambiente, Juliana Nobre.
Diagnóstico e financiamento
Além das discussões, o seminário serviu como espaço para apresentação de estudos conduzidos pelo Ministério do Meio Ambiente, que devem ser finalizados ainda este ano. O objetivo é mapear vulnerabilidades específicas de cada município brasileiro, com propostas que possam ser viabilizadas por meio de financiamento público.
“O nosso papel é entender o tamanho do problema que o município enfrenta, principalmente em relação aos riscos geológicos e hidrológicos. Temos esses estudos com propostas de ações e estamos disponibilizando para prefeituras e estados para que as ações sejam de fato executadas”, explicou Leonardo Souza, consultor da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades.
Informação ainda é barreira
Durante o encontro, especialistas apontaram que o acesso à informação continua sendo um dos maiores desafios para que comunidades vulneráveis – como ribeirinhos, agricultores e moradores das periferias — possam se preparar para os impactos do clima.
“Desastres climáticos não são naturais, as ameaças são naturais. Com a mudança do clima é necessário pensar quais são as ameaças climáticas que contribuem para o aumento do risco. Todas as recomendações aqui feitas são para que os governos promovam a redução de risco e para salvar a vida das pessoas”, destacou Adriana Campelo, oficial nacional do UNDRR no Brasil.
Para Hugo Salomão, do Iclei e integrante da equipe que articula a COP 30 no Brasil, a comunicação precisa evoluir para alcançar quem realmente será afetado.
“Nós precisamos que as informações contidas nos vários documentos produzidos sejam as mais claras e democráticas possível. Nesse contexto, fizemos questão que os estudos produzidos pelo Iclei contenham uma abordagem abrangente e um material visualmente agradável e acessível para atingir o maior número de pessoas possível”, afirmou.
O seminário se encerrou no fim da tarde, com o compromisso, por parte da Prefeitura de Belém, de consolidar um plano de ação com base nas propostas debatidas. A expectativa é que o documento direcione medidas práticas para reduzir os impactos das mudanças climáticas em uma das capitais mais vulneráveis da Amazônia urbana.
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