Após 16 dias internada e mesmo com ordem do MP, paciente recebe alta sem terminar o tratamento em Capitão Poço

Após 16 dias internada em uma unidade básica de saúde do município de Capitão Poço, a idosa Antônia de Nazaré, 68 anos, teve alta hospitalar sem que tenha recebido o tratamento adequado, segundo informações repassadas à nossa redação por uma de suas filhas, que foi “despachada” para buscar atendimento em outro hospital, tendo inclusive que custear seu transporte e estadia, pois não há recursos e estrutura para tal. Por dias, a filha apelou por um leito nas redes sociais e disse que mesmo com o município tendo três deputados estaduais, nenhum lhe ajudou.

Nayara Paiva, a filha, informa que a mãe é diabética e foi internada na Unidade Atendimento Médico Especializado (AME), no dia 24 de junho, tendo tido o diagnóstico de pneumoina grave e, por consequência, está com excesso de água nas pleuras e segundo médicos pode estar com a “doença do Coração”, doença denominada pela comunidade médica como cardiomegalia. O derrame pleural é uma enfermidade que pode causar muito desconforto ao paciente, limitando sua capacidade respiratória, por causar dor ao respirar.

A informante também afirma que mesmo internada em uma unidade de saúde do município, a qual recebe mensalmente repasses de recursos públicos federais, se viu obrigada a comprar os medicamentos que sua mãe precisou durante a internação e que, agora em casa, continua tomando.

Além disso, a filha da paciente relatou que procurou o Ministério Público de Capitão Poço e que uma vereadora do município esteve em Belém com dois advogados onde também procuraram o MP para agilizar uma deliberação que obrigasse a Prefeitura de providenciar atendimento médico especializado em caráter de urgência.

Segundo a denunciante, a AME de Capitão Poço vive em constante falta de abastecimento de água, tendo que levar garrafas de água para higienizar a mãe que passou maior sufoco. Durante nove dias, a paciente e seus acompanhantes não receberam qualquer alimento na unidade de saúde. A alimentação só passou a ser fornecida depois da Prefeitura ter sido notificada pelo Ministério Público.

Descaso na saúde pública: repasse do SUS e do Ministério da Saúde não garante atendimento de qualidade

Segundo dados do governo federal, mais de R$ 58,39 milhões foram transferidos para o município no ano. Capitão Poço tem 13 médicos(as) estão em atuação no município, sendo que 11 novos profissionais foram contratados a partir de 2023.

Em março, 16 unidade(s) estavam em funcionamento no município com custeio federal, assim como 16 equipe(s) de Saúde da Família estão sendo pagas com recursos federais, mas mesmo com o programa Brasil Sorridente podendo atender as prefeituras que apresentarem interesse e documentação para tal, não há registros de equipe de saúde bucal atuando no município. Não há registros de Centro de Atenção Psicossocial – CAPS em funcionamento no município, assim como não há registro de repasse para nenhum Hospital Filantrópico.

Não há registros de exames de colo de útero em unidades do SUS do município e nem de exames de mamografia em unidades do SUS de Capitão Poço, revelando uma má qualificação da equipe de saúde da atual gestão municipal.

Na contramão das expectativas da população, a saúde pública em Capital Poço enfrenta uma crise que se agrava a cada dia. Apesar dos significativos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Ministério da Saúde, a realidade nos hospitais e postos de atendimento revela um cenário de descaso e precariedade.

DENÚNCIAS NUNCA INVESTIGADAS

No município de Capitão Poço, no Pará, a situação é crítica. Recebemos com frequência denúncias de pacientes que enfrentam longas filas para consultas e exames, muitas vezes aguardando meses por um atendimento que deveria ser imediato. A falta de medicamentos, equipamentos e profissionais qualificados é uma constante que coloca em risco a vida de milhares de cidadãos de um dos municípios paraenses onde a qualidade de vida é precária.

Os repasses federais, que teoricamente deveriam garantir uma saúde pública de qualidade, parecem se perder em um sistema falho e mal administrado. Dados recentes mostram que, em 2024, o Ministério da Saúde destinou milhões de reais ao município de Pirabas. No entanto, a aplicação desses recursos levanta sérias questões sobre a eficiência e transparência na gestão pública.

É urgente que órgãos como o Ministério Público, senadores, deputados e demais agentes fiscalizadores ajam na cobrança dos gestores públicos, tanto municipais quanto estaduais e federais e que estes se comprometam com a saúde da população.

Transparência, fiscalização rigorosa e uma gestão eficiente são passos fundamentais para reverter esse quadro. O direito à saúde é garantido pela Constituição, e a população merece um atendimento digno e de qualidade.

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