No último dia 4 de setembro, o Governo do Pará celebrou a assinatura de um acordo com a Marinha do Brasil para a cessão de parte do terreno do Batalhão de Operações Ribeirinhas, localizado no bairro da Marambaia, em Belém. O acordo permitirá a realização de uma obra de ampliação da Rua da Marinha, que conecta a Avenida Augusto Montenegro à Avenida Centenário. O anúncio, feito com grande entusiasmo pelo governador Helder Barbalho (MDB), destaca a infraestrutura como um avanço necessário para o crescimento urbano.
No entanto, a celebração não foi acompanhada por um consenso geral. Ambientalistas e moradores da região expressaram profunda preocupação com a obra, que implicará a destruição parcial do Parque Ecológico Gunnar Vingren, uma das últimas áreas verdes nativas da cidade. O parque, criado pela Lei Municipal em 19 de novembro de 1991, abrange 38 hectares de floresta e está situado entre os bairros da Marambaia e Val de Cans.
O impacto ambiental da obra está no centro do debate. O projeto, segundo críticos, cortará o parque ao meio, criando um traçado que compromete a integridade do bioma. “O projeto rasga o parque na transversal, cortando-o no meio. Além disso, vai acompanhar o canal e, nesse acompanhamento, rasgar o canal em outro sentido, como se fosse fazendo um X. A nossa ideia é que possam encontrar outra alternativa, outras ruas que possam ser utilizadas”, afirmou Alexandre Bastos, presidente da Associação de Moradores do Conjunto Médici I e II (Amme), em entrevista ao site ((o))eco.
A ampliação da Rua da Marinha é apresentada pelo governo como uma preparação para a COP30, que ocorrerá em Belém em 2025. No entanto, para muitos, a destruição de uma área verde significativa parece ir contra os princípios de preservação ambiental que são esperados para um evento de tal magnitude. A incongruência entre a expansão urbana e as metas de conservação destacadas na COP30 levanta questões sobre a coerência das políticas ambientais do governo.
Enquanto a obra avança, o debate sobre a necessidade e os impactos das mudanças na infraestrutura urbana continua a dividir opiniões, ressaltando a tensão entre desenvolvimento e preservação ambiental na capital paraense.
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