O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (30) por falso testemunho durante a CPMI do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Brasília. A detenção foi ordenada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após cerca de nove horas de depoimento. Lopes foi liberado posteriormente, mediante pagamento de fiança.
De acordo com Viana, o depoente teria omitido informações e apresentado contradições deliberadas, mesmo após ser advertido sobre sua obrigação de dizer a verdade. “Essas contradições configuram mentira deliberada e ocultação de informações com o intuito de prejudicar as investigações dessa comissão”, afirmou o senador.
Uma das omissões apontadas ocorreu quando o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou Lopes sobre a empresa Santos Agroindústria Atacadista e Varejista, que teria recebido R$ 800 milhões da Conafer. O presidente da confederação disse não saber quem era o sócio da empresa. No entanto, tratava-se de Cícero Marcelino, funcionário da própria Conafer e alvo de operação da Polícia Federal em maio.
Marcelino é investigado por atuar como operador financeiro da entidade, movimentando mais de R$ 100 milhões do INSS e adquirindo veículos de luxo com recursos oriundos das fraudes contra aposentados. Posteriormente, Lopes admitiu conhecer Marcelino, mas negou seu vínculo empregatício. “Cícero sempre foi um fornecedor de bens e serviços da Conafer por mais de 15 anos. E pegou essa pecha aí de falar que assessor – assessor são os egos da amizade, né? É o querido, é o amigo”, declarou.
Segundo a Polícia Federal, a Conafer está no centro de um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões, sem autorização dos beneficiários. Entre 2019 e 2024, o valor acumulado nesses descontos cresceu mais de 790 vezes, totalizando R$ 688 milhões.
Essa foi a segunda prisão em flagrante realizada no âmbito da CPMI. Na semana passada, Rubens Oliveira, apontado como intermediário do operador conhecido como “Careca do INSS”, também foi detido.
De origem indígena, Lopes é ainda sócio de uma empresa de melhoramento genético de gado e dono de um quiosque de artesanato no Aeroporto de Brasília.
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