Vídeo: ministra Sônia Guajajara comenta ocupação indígena na Seduc, mas recebe críticas sobre seu discurso

Apesar do tom conciliador da ministra, o pronunciamento gerou insatisfação entre apoiadores do movimento indígena. Diversos comentários criticaram o foco de Guajajara, alegando que o cerne da ocupação não foi abordado

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Na noite de ontem (25), a ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, pronunciou-se em vídeo sobre a ocupação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em Belém, que já dura 12 dias. Uma ocupação liderada por indígenas tem como objetivo exigir a garantia de uma educação indígena diferenciada e o respeito aos direitos dos povos tradicionais no Pará.

Guajajara classificou a mobilização como legítima e criticou a exclusão, pela nova Lei 10.820/2024, do capítulo dedicado à educação indígena, que reconhecia a interculturalidade e valorizava práticas culturais das comunidades. “Essa retirada foi de fato um grave retrocesso para a educação indígena”, afirmou a ministra.

No pronunciamento, ela destacou a criação de um grupo de trabalho pelo governo do estado para elaborar uma política específica de educação indígena como resposta à mobilização. Apesar de considerar isso um “avanço inicial”, Guajajara cobrou garantias para a implementação efetiva dessa política e a realização de consultas às comunidades indígenas.

A ministra também anunciou que articulou uma reunião entre o governador Helder Barbalho e representantes da mobilização. Segundo ela, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) segue mediando diálogos entre as lideranças indígenas, o Ministério da Educação (MEC) e o governo estadual.

Críticas ao pronunciamento

Apesar do tom conciliador da ministra, o pronunciamento gerou insatisfação entre apoiadores do movimento indígena. Diversos comentários criticaram o foco de Guajajara, alegando que o cerne da ocupação não foi abordado.

“A base que você colocou aí está exigindo a revogação total desta lei, que não só ataca os direitos dos parentes indígenas, mas também de quilombolas e ribeirinhos”, destacou uma liderança indígena em resposta ao vídeo.

Outros apontaram que o problema não se limitou à criação de uma nova política de educação indígena, mas também incluiu a exoneração do secretário de educação Rossieli Soares e o restabelecimento de condições adequadas para o ensino presencial em comunidades tradicionais.

“O movimento reivindica a revogação da Lei 10.820 e a exoneração do secretário Rossieli Soares. Qualquer coisa para além disso não é negociável”, comentou outro manifestante.

A crítica também recorda o corte de palavras para a educação indígena e a ausência de garantias para a continuidade das aulas presenciais. “O que se faz com R$ 500 mil para nossa educação? Esperávamos mais pulso firme da ministra”, afirmou uma liderança.

Ponto central da mobilização

O movimento indígena reforça que a ocupação na Seduc tem como principais exigências a revogação da Lei 10.820, a exoneração do secretário Rossieli Soares e a garantia de manutenção das aulas presenciais em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.

A postura do governo estadual e o apoio do MPI à elaboração de uma nova política educacional foram considerados passos importantes, mas insuficientes diante das reivindicações mais amplas e urgentes do movimento.

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