Na tarde desta quarta-feira (5), uma equipe de reportagem da TV Liberal foi expulsa sob gritos e hostilizada durante a cobertura da ocupação da Secretaria de Educação do Pará (Seduc), que já dura 22 dias. Imagens registradas no local mostram a repórter Polyanne Guimarães e o cinegrafista Marcos Pinheiro sendo escoltados por um policial enquanto deixavam a manifestação.
Segundo informações preliminares, a expulsão ocorreu porque o veículo só teria comparecido ao local após o governador Helder Barbalho (MDB) assinar um termo de compromisso para revogação da Lei 10.820/2024.
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas do Pará (SINJOR-PA) manifestou solidariedade aos profissionais e repudiou o ocorrido. O sindicato informou que seu diretor, Max Costa, esteve presente no momento e atuou para garantir a integridade dos jornalistas.
“Consideramos inadmissível o que ocorreu na Seduc e já estamos em diálogo com as lideranças indígenas da ocupação para reforçar a importância de uma imprensa livre e buscar uma retratação aos trabalhadores”, diz o comunicado.
O sindicato ressaltou que respeita o direito dos povos indígenas de não conceder entrevistas a veículos que, segundo eles, não respeitam suas vozes. No entanto, destacou que a linha editorial das empresas é determinada pelos proprietários, e que os jornalistas estavam no local cumprindo seu trabalho.
A entidade também lembrou que a presença da imprensa na ocupação foi garantida por decisão judicial, após o governo estadual tentar impedir a cobertura jornalística. “Mais de vinte dias de ocupação demonstram que há formas de expressar indignação sem hostilizar trabalhadores”, afirmou.
O SINJOR-PA também criticou a relação entre a mídia local e o governo, apontando que acordos empresariais expõem os jornalistas a editoriais acríticos e condições de trabalho precarizadas. “Infelizmente, a animosidade resulta dessas relações, que deixam a categoria vulnerável e sustentam projetos que exploram e oprimem jornalistas”, declarou.
As lideranças indígenas que estão da Seduc emitiram a seguinte nota: “As lideranças indígenas que ocupam a Seduc gostariam de se retratar com os trabalhadores jornalistas, Polyanne Guimarães e Marcos
Pinheiro, diante dos episódios que ocorreram na tarde de hoje, 5, que desrespeitaram o livre exercício do jornalismo e constrangeram os profissionais.
Apresentamos nossas desculpas, uma vez que temos a compreensão que nossas vitórias são fruto também da unidade dos povos na luta por seus direitos. Assim, estendemos nossas desculpas ao Sindicato dos Jornalistas do Pará, que desde o início de nossa ocupação esteve apoiando nossa luta.
Ao mesmo tempo, pedimos compreensão diante desse momento histórico, pois não tem sido fácil combater as narrativas manipuladas pelo governo do Estado que, em aliança com os barões da mídia, tem atacado diariamente nosso movimento e propagado fakenews, a ponto da Defensoria Pública da União ingressar com ação civil pública, para impedir que o governador divulgasse informações falsas sobre nossos povos.
Há mais de 500 anos, temos sido violentados e estamos em um processo de reconhecimento de nossos direitos e identidade, que a imprensa precisa entender.
Por fim, reafirmamos que somos guerreiros contra o capital e seus aliados, mas solidários e companheiros com aqueles e aquelas que vivem da força de seu trabalho e produção. Por isso, convidamos os jornalistas a voltarem a nossa ocupação, e serão recebidos com a hospitalidade que é comum de nossos povos aos aliados de nossa causa”
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É interessante. O sindicato dos jornalistas deveria explicar por que estas equipes não se fizerem presentes durante os dias de ocupação? O sindicato, com.certrxa, emitiria uma nota dizendo: bem, não fomos antes porque somos uma emissora paga e as notícias que cobrimos são compradas.
Sim, porque, a tv liberal mereceu ser expulsa.
Ponto para os indígenas que não se deixam mais enganar