Uma recente declaração do corretor de imóveis Maurício Azevedo trouxe ainda mais polêmica ao debate sobre a revisão do Plano Diretor de Belém. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, Azevedo criticou as atuais diretrizes urbanísticas da cidade, chamando-as de “aberração” e defendendo uma flexibilização para favorecer o setor imobiliário. O pronunciamento ocorre no contexto de uma série de reportagens do portal QB News Brasil, que investiga uma suposta ligação entre a compra de carros BYDs por vereadores e um esquema para modificar a legislação urbanística em prol de grandes empresários.
O Plano Diretor de Belém, vigente desde 2008, estabelece normas para o crescimento ordenado da cidade, priorizando a justiça social e a preservação ambiental. No entanto, setores do empresariado pressionam pela revisão do documento para permitir construções em áreas atualmente restritas, como a orla da cidade.
As investigações apontam que a empresária Beta Mutran, proprietária da concessionária Vega e de terrenos na região central de Belém, estaria por trás de um suposto esquema de financiamento de veículos para vereadores. O objetivo, segundo a reportagem do portal, seria garantir apoio político para a alteração das diretrizes urbanísticas da cidade.
A declaração de Maurício Azevedo gerou reações entre ambientalistas e urbanistas. Em entrevista ao EPOL, o advogado e ambientalista José Carlos, do Partido Verde, criticou duramente a postura do corretor de imóveis:
“O que eu percebo do discurso dele é que ele está indignado com a reportagem da QB News, que expõe a forma como certos empresários querem flexibilizar normas para maximizar lucros. O Plano Diretor atual impõe limites de construção na orla da cidade, e isso incomoda alguns grupos. Eles querem mudar essas regras para permitir prédios mais altos, sob a justificativa de modernização e desenvolvimento. Mas, na verdade, trata-se de uma tentativa de beneficiar proprietários de grandes terrenos.”
José Carlos também criticou a comparação feita por Azevedo entre Belém e Fortaleza:
“Paris tem prédios baixos e não é uma cidade subdesenvolvida. Verticalizar a cidade sem planejamento pode ser um desastre urbanístico. A cidade está sendo moldada para favorecer grandes investidores, não para melhorar a qualidade de vida da população.”
Impacto na Vila da Barca
Outro ponto polêmico levantado por Azevedo foi a referência à Vila da Barca, uma histórica comunidade ribeirinha de Belém. Para José Carlos, essa visão é elitista e ignora a identidade cultural dos moradores:
“A Vila da Barca não é uma ocupação irregular, mas uma comunidade com história e cultura. Quando o ex-prefeito Edmilson construiu os prédios, os moradores ficaram insatisfeitos porque isso alterou seu modo de vida. O que está acontecendo agora é um movimento para empurrar essas populações para fora, favorecendo a especulação imobiliária.”
Futuro do Plano Diretor
As discussões sobre a revisão do Plano Diretor ganham cada vez mais força, especialmente com a possibilidade de alteração na gestão do prefeito Igor Normando (MDB). O próprio Maurício Azevedo declarou apoio ao gestor e afirmou que os corretores de imóveis “apostam as fichas” nele para modificar a legislação.
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