Presente da China ao Brasil na COP30 gera revolta entre evangélicos - Estado do Pará Online

Presente da China ao Brasil na COP30 gera revolta entre evangélicos

Obra da artista chinesa Huang Jian, instalada em Belém, é apontada por religiosos como “símbolo de engano”, enquanto prefeitura destaca valor cultural e ambiental da peça.

Criado especialmente para a COP30 pela artista chinesa Huang Jian, o monumento “Espírito Guardião Dragão-Onça” tem gerado intensa repercussão nas redes sociais desde que foi apresentado no último domingo, em Belém. A escultura, que combina elementos da mitologia chinesa com a ancestralidade amazônica ao representar uma onça com traços de dragão, passou a ser alvo de críticas de grupos evangélicos, que identificaram na peça um “símbolo de engano” contrário aos preceitos bíblicos.

O líder da Igreja Renascer e presidente internacional da Marcha para Jesus, apóstolo Estevam Hernandes, publicou um vídeo do monumento na noite de terça-feira, citando um versículo bíblico sobre “um grande dragão vermelho que engana o mundo inteiro”. Segundo ele, a união entre o dragão e a onça — animal símbolo do Brasil — sugeriria “uma aliança que pode representar a fusão da identidade nacional com valores que não refletem nossa tradição cristã”.

Nos comentários da publicação, seguidores do apóstolo passaram a “repreender” a obra, associando a escultura a mensagens espirituais negativas. Em outras postagens, evangélicos classificaram o monumento como um “recado de dominação ao mundo”, compartilhando frases como “o sangue de Jesus tem poder”, “Deus cuida da nossa nação” e “o Brasil é de Jesus”.

Produzida em bronze em apenas dois meses, a obra de Huang Jian foi idealizada para simbolizar a integração entre culturas e a proteção ambiental. A artista, que é embaixadora de arte olímpica do Comitê Olímpico Internacional (COI), também criou para a COP30 a peça “Mãe Brasil”, que retrata uma mulher sobre uma vitória-régia e está instalada na Praça da Bandeira, na Freezone Cultural Action. As esculturas integram o legado cultural permanente da conferência em Belém.

O monumento “Dragão-Onça” também está ligado à proposta de criação do Prêmio Dragão-Pantera Guardião para proteção de florestas primárias, dedicado a reconhecer pessoas e instituições que atuam no combate ao desmatamento e na preservação ambiental.

Para a secretária municipal de Cultura e Turismo, Cilene Sabino, a chegada das obras reforça o impacto cultural da COP30. “Estamos recebendo um monumento assinado pela artista plástica chinesa Huang Jian, de grande evidência internacional pelo conjunto das obras que ela assina e das doações que ela faz a inúmeros países”, afirmou no domingo.

A polêmica continua ganhando repercussão enquanto o monumento passa a integrar o cenário cultural da capital paraense durante e após a COP30.

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