A Polícia Civil do Pará prendeu, nesta quarta-feira (23), três suspeitos de envolvimento no assassinato do agricultor e líder rural Ronilson de Jesus Santos, de 52 anos, ocorrido na última sexta-feira (18), em Anapu, no sudoeste do estado. A região é marcada por históricos conflitos agrários e foi palco do assassinato da missionária Dorothy Stang em 2005.
Segundo as autoridades, as investigações continuam em sigilo e há buscas em andamento para localizar um quarto suspeito. O caso está sob responsabilidade da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) de Altamira, município vizinho a Anapu.
Ronilson era reconhecido por sua atuação no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola-Jatobá e também como dirigente da Contraf Brasil, onde lutava pela reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores da agricultura familiar. O agricultor foi morto com tiros na cabeça, em sua residência no bairro Alto Bonito, e seu corpo foi encontrado no quintal da casa, por volta das 14h20 do mesmo dia.
Crime premeditado
De acordo com a investigação, o crime teria ligação direta com conflitos de terra. Ronilson vinha denunciando ameaças e invasões de madeireiros e pistoleiros na área do assentamento onde viviam cerca de 120 famílias. Em vídeo gravado no dia 14 de abril, ele relatou a presença de invasores e a situação de tensão vivida na comunidade, o que pode ter motivado sua execução.
O enterro de Ronilson ocorreu no último domingo (20), no cemitério público municipal de Anapu, sob forte comoção de moradores e lideranças da reforma agrária. Organizações sociais e sindicais pedem justiça e proteção às comunidades camponesas, cada vez mais vulneráveis à violência no campo.
O assassinato reacende o alerta para os repetidos casos de violência agrária na Amazônia Legal, e pressiona autoridades estaduais e federais por ações concretas para proteger defensores de direitos humanos e ambientais na região.
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