Pesquisadora vê incoerência ambiental nas obras do governo Helder Barbalho para a COP 30

Entre os exemplos mencionados pela pesquisadora está a Avenida Liberdade, uma via expressa de 13 quilômetros que atravessa duas Áreas de Proteção Ambiental e o Parque Estadual do Utinga.

Helder Barbalho, governador do Pará.
Divulgação/Secom. Marcela Rodrigues expressou sua preocupação com a intenção do governo de “passar a boiada” sem se preocupar com o meio ambiente.

A pesquisadora Roberta Rodrigues, da Universidade Federal do Pará (UFPA), fez críticas contundentes às obras planejadas pelo governo do Pará para a COP30, conferência do clima da ONU que ocorrerá em Belém em 2025. Durante um seminário realizado na última quinta-feira (23), Rodrigues expressou sua preocupação com a intenção do governo de “passar a boiada”. As críticas foram divulgadas pelo portal Metrópoles, de Brasília.

“Existe algum projeto que realmente seja coerente com a agenda da COP e a agenda do Acordo de Paris? Não, a gente está fazendo canalização de rio, está sendo proposto criar as avenidas e colocar asfalto. Está longe de dar respostas para o clima”, afirmou Roberta Rodrigues no seminário “A Foz do Amazonas: pesquisas, conservação e futuro”, organizado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

O Acordo de Paris, assinado em 2015 por cerca de 200 países, visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius. Entretanto, segundo Rodrigues, as obras promovidas pelo governo Helder Barbalho (MDB) estão em desacordo com essas metas climáticas.

Entre os exemplos mencionados pela pesquisadora está a Avenida Liberdade, uma via expressa de 13 quilômetros que atravessa duas Áreas de Proteção Ambiental e o Parque Estadual do Utinga. “A Avenida Liberdade é um projeto do governo anterior ao Helder, mas agora querem tirar do papel porque este é o momento que está tudo mais fácil de viabilizar economicamente. É o momento de passar a boiada e colocar em prática projetos que, além de promover o desmatamento, aumentam a especulação imobiliária e beneficiam grandes empresários”, declarou Rodrigues.

Em resposta, o governo do Pará emitiu uma nota afirmando que o projeto da Avenida Liberdade foi aprovado pelos conselhos gestores das Unidades de Conservação da Área de Proteção Ambiental Belém e do Parque do Utinga. “O projeto possui o maior número de passagens de fauna por quilômetro quadrado do Brasil, permitindo o deslocamento de animais que vivem nas florestas e seus arredores, e ainda acompanha o trajeto do linhão de energia elétrica já existente, minimizando intervenções”, assegurou o governo.

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