Pará lidera ranking da fome no Brasil, segundo IBGE - Estado do Pará Online

Pará lidera ranking da fome no Brasil, segundo IBGE

Com quase metade dos lares em situação de insegurança alimentar, estado vai na contramão da média nacional e expõe desigualdade e falta de políticas públicas eficazes.

O Pará segue, mais um ano, liderando o ranking da fome no país, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana. O estado tem a maior proporção de domicílios com insegurança alimentar — quando as famílias enfrentam dificuldade para ter acesso regular e suficiente a alimentos. O levantamento é do módulo Segurança Alimentar da PNAD Contínua 2024.

De acordo com o estudo, 44,6% dos lares paraenses vivem algum grau de falta de alimentos, proporção quase o dobro da média nacional (24,2%) e superior à observada em qualquer outro estado. O Pará também aparece entre os três piores do país em insegurança alimentar grave, que ocorre quando há falta de comida em casa — 7% dos domicílios estão nessa condição.

O cenário confirma uma realidade histórica de desigualdade e vulnerabilidade no Norte do país. A região apresentou a maior taxa de insegurança alimentar entre as grandes regiões (37,7%), seguida do Nordeste (34,8%).

Embora o Brasil tenha registrado melhora geral — com queda de 27,6% para 24,2% no número de domicílios em insegurança alimentar entre 2023 e 2024 —, o Pará seguiu na contramão, revelando um retrato alarmante das condições de vida da população, com índices que indicam persistência da fome estrutural.

Na prática, os dados mostram que quase metade das famílias paraenses convive com restrição alimentar, seja por redução da quantidade ou da qualidade da comida disponível. A situação afeta de forma mais severa as populações rurais, pobres, negras e chefiadas por mulheres, grupos que seguem sobre-representados nas estatísticas da fome.

Mesmo diante dos avanços nacionais, o Pará permanece em situação crítica de fome e pobreza, o que exige ações urgentes e estruturadas. Especialistas apontam que a ampliação de programas de transferência de renda, políticas de abastecimento popular e incentivo à agricultura familiar são medidas essenciais para reverter o quadro. A fome no estado, avaliam, é reflexo de uma combinação cruel de pobreza, desigualdade e ausência de políticas públicas contínuas.

Leia também: