Pará lidera desmatamento e degradação na Amazônia em 2024, aponta Imazon

Apesar de queda no desmatamento, degradação florestal atinge níveis recordes, com Pará no topo das destruições pelo 9º ano consecutivo. Estudo reforça desafios ambientais no estado que será sede da COP30.

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O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou nesta sexta-feira (24) um estudo apontando que, embora o desmatamento na floresta amazônica tenha caído 7% em 2024 em relação ao ano anterior, o Pará manteve a liderança como o estado que mais desmatou na região. Ao todo, foram devastados 1.260 km² de floresta no estado, 3% a mais do que em 2023. Além disso, o Pará também liderou em degradação florestal, com 17.195 km² atingidos, um aumento de 421% em comparação ao ano anterior.

Tabela divulgada pelo Imazon

A pesquisa revelou que, de janeiro a dezembro de 2024, a Amazônia perdeu 3.739 km² de floresta, um avanço em relação a 2022, quando o desmatamento chegou a 10.362 km². Apesar da redução, a área desmatada no último ano equivale a mais de mil campos de futebol destruídos por dia. Em contrapartida, a degradação florestal, causada por queimadas e extração de madeira, aumentou seis vezes em 2024, alcançando 36.379 km², o maior índice registrado desde 2009.

Segundo o estudo, as terras indígenas e unidades de conservação mais atingidas estão no Pará. O território indígena Cachoeira Seca perdeu 14 km² de floresta, enquanto a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu registrou 51 km² desmatados. Já a degradação no território Kayapó chegou a 4.928 km², e na APA Triunfo do Xingu alcançou 1.426 km².

Para Carlos Souza, pesquisador do Imazon, o início de 2025, marcado pelo período chuvoso conhecido como “inverno amazônico”, é uma oportunidade para fortalecer ações de fiscalização e combater a grilagem. “Medidas de conservação das terras públicas ainda sem uso definido são essenciais para conter o avanço do desmatamento”, ressaltou.

Com Belém se preparando para sediar a COP 30 em novembro, o cenário de destruição florestal no estado levanta questionamentos sobre os desafios ambientais enfrentados no Pará. Enquanto isso, mais de 20 povos indígenas seguem acampados na SEDUC, reivindicando mudanças na legislação que impacta a educação dos povos tradicionais. O contexto reforça a urgência de políticas públicas efetivas e, principalmente de diálogo do governo com a população, para equilibrar preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

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