Pará apresenta índices alarmantes de insegurança alimentar, aponta pesquisa

Em 27 estados que estiveram presentes no levantamento, a região Norte é a que mais é afetada pela insegurança alimentar.

Lalo de Almeida/Folhapress. O cenário é ainda mais complicado na Ilha do Marajó.

O jornal O Globo realizou uma pesquisa na última quinta-feira (25), sobre os estados que mais são afetados pela fome no Brasil.

Em 27 estados que estiveram presentes no levantamento, a região Norte é a que mais é afetada pela insegurança alimentar. Em 2023, 7,7% das casas vivenciaram falta de alimentos ou lidavam com redução da qualidade e quantidade de comida em 2023, incluindo as crianças. 

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do IBGE.

O Pará foi em 2023 o estado com maior proporção de domicílios com insegurança alimentar grave 9,5%, seguido do Amazonas (9,1%), Amapá (8,4%) e Maranhão (8,1%).

Insegurança alimentar grave no Brasil

Ranking por estados, segundo distribuição percentual dos domicílios

Veja

Gráfico: O Globo

No Marajó, a situação é ainda mais grave, onde 28 mil moradores da cidade, 22 mil são atendidos pelo Bolsa Família, que se mostra a principal fonte de sustento para a maioria das famílias da região, especialmente nas comunidades ribeirinhas, onde está a maior parte da população.

A fome de crianças ribeirinhas é presente em vários pontos do arquipélago. É comum que meninas e meninos percorram horas de barco no trajeto até a escola e encontrem os estabelecimentos sem merenda. Elas saem de casa e voltam para casa com fome, como relatam pais e educadores de escolas na área rural de Melgaço.

A merenda mais comum, quando tem, são bolachas de água e sal e suco ou mingau. O transporte escolar em lanchas também é falho, enquanto cinco barcos para esse transporte estão abandonados num lote baldio na cidade, assim como ambulância, ônibus escolares, tratores.

No Arquipélago, quatro em 10 pessoas são extremamente pobres, segundo dados levados em conta pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

O governo do Pará afirmou, em nota, que garante segurança alimentar e nutricional a 7.000 famílias no estado e que, no Marajó, gerencia um programa de aquisição de alimentos, com compras de produtos de agricultores familiares e destinação a pessoas em insegurança alimentar. Desde 2023, 127 famílias foram atendidas.

Nas escolas estaduais, as aulas são dadas com normalidade e o valor individual da merenda subiu 416%, afirmou o governo do Pará. “Esse valor é destinado às prefeituras que aderiram ao plano de alimentação escolar.” Em Melgaço, a logística da merenda é feita pela secretaria estadual. Municípios do Marajó recebem recursos de um programa de transporte escolar, cita a nota.

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