MPPA investiga uso de aviões de empresas contratadas pela Prefeitura de Ananindeua de Daniel Santos - Estado do Pará Online

MPPA investiga uso de aviões de empresas contratadas pela Prefeitura de Ananindeua de Daniel Santos

Empresas receberam mais de R$ 90 milhões do município e teriam cedido aeronaves para deslocamentos do prefeito e do senador Zequinha Marinho pelo interior do Pará.

O Ministério Público do Pará (MPPA) abriu um procedimento para investigar o uso de aviões de empresas contratadas pela Prefeitura de Ananindeua em viagens realizadas pelo prefeito Daniel Santos (PSB). Segundo denúncia apresentada pelo advogado Giussepp Mendes, o gestor teria utilizado aeronaves da Altamed Distribuidora de Medicamentos e da Norte Ambiental Gestão e Serviços Ltda. para visitar ao menos dez municípios paraenses nos últimos dois meses, supostamente em articulações políticas.

As empresas investigadas mantêm contratos milionários com a Prefeitura. De acordo com dados do Portal da Transparência, a Altamed recebeu R$ 26,8 milhões do município entre 2021 e o último dia 2, pela venda de medicamentos. Já a Norte Ambiental faturou mais de R$ 63 milhões, entre 2023 e o dia 14 deste mês, por serviços de recuperação de vias e aluguel de caminhões de lixo.

As duas empresas não são proprietárias, mas constam como “operadoras” das aeronaves, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) — o que significa que detêm a posse e o uso dos aviões, que são de categoria privada, sem autorização para operar como táxi aéreo. O MPPA apura se o “empréstimo” dessas aeronaves configuraria troca de favores em razão dos contratos com o poder público.

O caso é semelhante ao episódio revelado pelo portal Metrópoles, no último dia 11, quando Daniel Santos, a deputada federal Alessandra Haber (sua esposa) e os filhos foram flagrados embarcar e desembarcar de um jatinho matrícula PP-OLY, também cedido pela Norte Ambiental.

A denúncia cita ainda o empresário Silvair Dias Ladeira Júnior, dono da Altamed e da JR Participações e Investimentos, ambas com sede no mesmo endereço, na Estrada do Curuçambá, bairro do Maguari, em Ananindeua. Segundo o MPPA, a JR Participações teria sido usada para “lavar” propinas pagas ao prefeito — inclusive uma transferência de R$ 300 mil, supostamente destinada à compra de uma fazenda em Aurora do Pará.

O Ministério Público aponta indícios de repetição de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro já investigado nas operações Aqueronte e Hades, que identificaram uma organização criminosa (Orcrim) liderada por Daniel Santos. O grupo teria cometido fraudes em licitações e movimentado mais de R$ 115 milhões em contratos irregulares.

Entre os bens adquiridos com recursos de propina estariam um avião de R$ 10,9 milhões, três fazendas de 3,8 mil hectares em Tomé-Açu e uma propriedade de 300 hectares em Aurora do Pará. O MPPA denunciou à Justiça o prefeito, o ex-secretário de Saneamento Paulo Roberto Cavalleiro de Macêdo, o ex-presidente da CPL Manoel Palheta Fernandes e cinco empresários, incluindo Silvair Dias Ladeira Júnior.

O MPPA informou que as investigações continuam e que novas diligências serão realizadas para verificar o uso indevido das aeronaves e possíveis benefícios políticos.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Ananindeua e com o senador Zequinha Marinho e aguarda um posicionamento.

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