MP do Pará instaura inquérito para investigar origem ambiental de gado embarcado vivo em Barcarena

A medida busca evitar a exportação de animais criados em áreas com desmatamento ilegal. Órgãos estaduais têm 30 dias para prestar informações.

Vista aérea do Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), com navios atracados e estrutura industrial ao fundo.

O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) instaurou um inquérito civil para fiscalizar a origem ambiental do gado vivo embarcado no Porto de Vila do Conde, em Barcarena. A medida, formalizada por meio da Portaria nº 018/2025-MPPA/1ªPJ MADCCJIB, foi adotada pelo promotor de Justiça Márcio Silva Maués de Faria, titular da 1ª Promotoria de Meio Ambiente, Defesa Comunitária e Cidadania do município.

O procedimento tem caráter preventivo e objetiva garantir que o gado exportado a partir do porto tenha origem lícita, em conformidade com as normas ambientais. O MPPA destaca a relevância da atividade pecuária no Pará, um dos maiores produtores de bovinos do país, além da existência de grandes frigoríficos no estado.

A investigação também considera o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC da Carne), firmado por iniciativa do Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de coibir a comercialização de carne proveniente de áreas desmatadas ilegalmente.

Desde 2008, o Porto de Vila do Conde é utilizado como ponto de embarque de gado vivo com destino ao exterior. No entanto, segundo o MPPA, persistem lacunas na fiscalização da origem desses animais, sobretudo pela ausência de controle efetivo por parte da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

A portaria também menciona o histórico de acidentes no porto, como o naufrágio do Navio Haidar, em 2015, que resultou na morte de milhares de bois e gerou danos socioambientais significativos.

Diante do cenário, o MPPA notificou diversos órgãos estaduais — entre eles, a Semas, a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) e a Companhia Docas do Pará (CDP) — para que, no prazo de 30 dias, informem as medidas já adotadas quanto à fiscalização da origem ambiental do gado embarcado.

Além disso, a CDP e a Adepará deverão apresentar dados sobre a procedência dos animais transportados em operações anteriores, incluindo a identificação das áreas de origem e dos respectivos proprietários.

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