Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), revelou que o mel extraído das flores do açaizeiro (Euterpe oleracea) possui elevada atividade antioxidante, além de efeitos anti-inflamatórios, antibacterianos e antitumorais. A pesquisa foi desenvolvida no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e publicada na revista científica Molecules.

Além das propriedades terapêuticas, o mel produzido por abelhas africanizadas (Apis mellifera) também se destacou pela coloração entre âmbar e escura, ser menos doce e possuir notas de sabor que remetem ao café. As amostras analisadas, colhidas nos municípios de Breu Branco e Santa Maria (PA), apresentaram concentração de pólen de açaizeiro acima de 45%, o que o classifica como um mel monofloral. O potencial antioxidante foi até quatro vezes superior ao do mel de aroeira, um dos mais valorizados do país.
Vinculado ao projeto Agrobio, financiado pelo Fundo Amazônia/BNDES, o estudo também evidencia o papel estratégico do mel de açaí na promoção da bioeconomia e no manejo sustentável da floresta. A presença das abelhas no cultivo do açaí pode elevar em até 30% a produtividade dos frutos, gerando renda e fortalecendo práticas agrícolas sustentáveis baseadas na biodiversidade amazônica.
Com compostos bioativos como flavonoides, ácidos fenólicos e batilol, o mel de açaí é apontado como promissor para o desenvolvimento de fitoterápicos, cosméticos e alimentos funcionais. Segundo os pesquisadores, a próxima etapa envolve testes clínicos e parcerias com o setor produtivo para transformar o conhecimento científico em inovação acessível e sustentável, consolidando o mel de açaí como um símbolo da bioeconomia paraense.
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