Um casal identificado como líderes de um culto religioso foi preso na manhã desta sexta-feira (4), em Belém, suspeito de maus-tratos e violência psicológica que resultaram na morte de uma mulher de 43 anos, em junho deste ano. A ação foi coordenada pela Divisão Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) e pela Delegacia de Enfrentamento ao Feminicídio (DEFEM), da Polícia Civil do Pará.
Segundo as investigações, a vítima vivia em condições de vulnerabilidade extrema, com sinais evidentes de desnutrição e possível cárcere privado, além de ser forçada a realizar trabalhos domésticos para o casal. Os crimes teriam sido cometidos sob o pretexto de uma suposta “cura espiritual”.
Vítima morreu por desnutrição grave
A investigação teve início em maio de 2025, após denúncias de familiares, que relataram que a mulher estaria sendo mantida contra a vontade em uma residência vinculada ao grupo religioso. Ao chegarem ao local, os policiais encontraram a vítima visivelmente debilitada. Apesar disso, ela negou estar sendo vítima de violência, atribuindo as denúncias a um caso de intolerância religiosa por parte de sua família. Mesmo com a recusa da vítima em acompanhar os agentes, foi realizada inspeção na residência, onde foram encontradas condições precárias de moradia e indícios de alienação emocional.
O caso se agravou no dia 19 de junho, quando a mulher foi levada em estado grave ao Pronto Socorro do Guamá. De acordo com o boletim hospitalar, o casal apresentou-se como vizinho da vítima, abandonou-a na unidade sem documentos e fugiu ao ser informado sobre a necessidade de registro da ocorrência. A causa da morte foi registrada como desnutrição grave.
Prisões preventivas e medidas cautelares
Com o avanço das investigações, a DEAM representou pela prisão preventiva do casal e por mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares da Comarca de Belém. As ordens judiciais foram cumpridas nesta sexta-feira, e os dois foram conduzidos à delegacia para os procedimentos legais. Eles seguem à disposição da Justiça.
Compromisso com os direitos das vítimas
A delegada Emanuela Amorim, titular da Diretoria de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAV), destacou que o caso é tratado com rigor e prioridade, reforçando o papel da Polícia Civil na proteção das mulheres e no combate à violência motivada por crenças ou manipulações religiosas.
“Reafirmamos nosso compromisso com a apuração célere e rigorosa de crimes de gênero e com a responsabilização dos autores, sempre com respeito aos direitos fundamentais e acolhimento humanizado às vítimas”, afirmou a delegada.
O nome dos envolvidos não foi divulgado oficialmente. O caso segue sob investigação e pode ter desdobramentos nos próximos dias.
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