O senador Jader Barbalho (MDB) é amplamente conhecido no estado do Pará. Em mais de 60 anos de vida pública, o político conseguiu, junto com a família construir um verdadeiro império no Estado e segue sendo uma das figuras públicas mais importantes da região. Pai do governador Helder Barbalho (MDB) e do ministro das Cidades Jader Filho e ex-marido da deputada Elcione Barbalho (MDB), completa, neste domingo (27), 80 anos de idade. Por conta da idade avançada, muito se pergunta sobre qual será o destino do senador: se aposenta ou permanece na política em 2027?
Em uma entrevista ao Grupo Liberal, Barbalho deu indícios de deve entregar a cadeira do senado nas próximas eleições, mas uma coisa é certa, o político continuará atuando nos bastidores. Ele acredita em um processo de renovação política, mas diz que não se sente “absolutamente cansado”.
Evidentemente, eu acho que na vida pública e na política deve haver um processo de renovação política. Eu, no momento, desejo cumprir este mandato até o final de 2026. Agora, se as circunstâncias da política e vida pública requisitarem a minha permanência, eu quero dizer que eu continuarei participando da vida pública do Pará e da vida pública do Brasil. Eu não me sinto absolutamente cansado e lembrando o meu pai: eu não sou um velho, eu sou um idoso, tenho idade, mas velho eu não sou”, declarou o senador.
Trajetória política
Vindo de uma família de políticos, encabeçada sobretudo pelo pai, Laércio Barbalho, seu primeiro mandato foi como vereador de Belém, entre 1967 e 1971, ainda durante o período da Ditadura Militar. Foi deputado estadual por um mandato, entre 1971 e 1975 e deputado federal quatro vezes, de 1975 a 1979, de 1979 a 1983, de 2003 a 2007 e de 2007 a 2010.
Atualmente, Jader ocupa o cargo de senador e está em seu terceiro mandato (1995 a 2001, de 2011 a 2019 e de 2019 a 2027), onde já foi presidente daquela casa. Neste meio tempo já foi também governador do Pará por dois mandatos (1983 a 1987 e de 1991 a 1994).
Durante seus mandatos, apoiou medidas de fortalecimento do setor agropecuário e políticas voltadas para a Amazônia, com a intenção de promover o desenvolvimento econômico da região.
O político também teve papel importante na campanha “Muda Brasil”, que conseguiu apoio popular e elegeu indiretamente em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves, presidente do Brasil e José Sarney vice, iniciando a redemocratização do país.
Controvérsias e “Caso da Sudam”
O escândalo da Sudam envolveu um grande esquema de desvio de recursos de incentivos fiscais, com foco no Fundo de Investimento da Amazônia (Finam), entre os anos 90 e início dos 2000. Durante as investigações, surgiram evidências de que empresários e políticos usavam projetos fictícios para obter milhões destinados ao desenvolvimento da região amazônica, mas que, na prática, não eram implementados. Estimativas apontam que o esquema desviou cerca de R$ 1,7 bilhão. Jader Barbalho, então senador e presidente do Senado, foi acusado de envolvimento no caso, com ligações suspeitas com empresários beneficiados.
Jader nega envolvimento
Em 2001, após uma série de denúncias e pressão política, ele renunciou ao cargo para evitar a cassação e perdeu o foro privilegiado, passando a ser investigado na Justiça comum. Em 2002, ele foi preso por um dia, mas nega envolvimento nos desvios. Um dos principais cúmplices seria o superintendente da Sudam, Arthur Tourinho, que, segundo o Ministério Público, favoreceu projetos de empresas relacionadas ao esquema, incluindo uma de propriedade do próprio Tourinho. O empresário José Osmar Borges foi apontado como um dos maiores beneficiários, recebendo incentivos para projetos que nunca foram realizados.
Funcionamento do esquema
O esquema foi descoberto em 2000 e consistia na concessão fraudulenta de incentivos fiscais e investimentos federais a projetos fictícios ou superfaturados, gerando desvios significativos de dinheiro público. Jader Barbalho, à época senador pelo estado do Pará e figura política influente, foi acusado de envolvimento direto no esquema.
Ele teria se beneficiado de sua posição para facilitar o direcionamento irregular de recursos da Sudam para projetos que nunca foram concluídos ou sequer existiram. A investigação apontou fraudes documentais, corrupção, e lavagem de dinheiro envolvendo empresários, políticos, e funcionários do órgão, que supostamente manipulavam relatórios e aprovações para permitir o desvio de verbas.
Ao longo dos anos seguintes, Jader enfrentou processos judiciais relacionados ao caso. Em 2013, ele foi condenado pela Justiça Federal a devolver uma quantia significativa aos cofres públicos e a cumprir pena por improbidade administrativa, embora, devido a recursos e à complexidade do sistema jurídico, tenha conseguido postergar e, em alguns casos, reformar as condenações.
Mais um ano de vida
Jader Barbalho completa 80 anos neste domingo (27), em meio ao segundo turno das eleições municipais nas cidades de Belém e Santarém, no Pará. Uma possível vitória de Igor Normando (MDB) sobre Éder Mauro (PL) na capital, pode representar um fortalecimento da influência política da família do senador no estado.
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