A jovem indígena Yapê Rê Anambé Guajajara, de apenas 17 anos, morreu seis dias após ter o parto induzido no Hospital Materno-Infantil de Marabá (HMI), no sudeste do Pará. O caso, ocorrido em 17 de junho, está sendo investigado como possível violência obstétrica, com acompanhamento da Defensoria Pública do Estado e da Polícia Civil.
Segundo relatos da família, Yapê, grávida de seu primeiro filho, foi submetida a um parto forçado no hospital municipal, mesmo apresentando sinais de mal-estar. Após o procedimento, foi transferida em estado gravíssimo para o Hospital Regional do Sudeste do Pará, onde foi internada na UTI, entubada e com histórico de hemorragia e duas paradas cardiorrespiratórias. Ela não resistiu e morreu no último dia 22 de junho.
O bebê sobreviveu, mas a jovem sofreu eclâmpsia – uma complicação grave da hipertensão na gravidez – e teve duas paradas cardíacas após o nascimento. A Prefeitura de Marabá, responsável pela gestão do hospital, confirmou a morte e alegou que a indução medicamentosa foi considerada a melhor conduta clínica pelos profissionais de saúde.
A prefeitura afirmou que a gestante deu entrada com hipertensão arterial leve, sem trabalho de parto ativo, e com o quadro fetal estável. Após o parto, teria evoluído para um sangramento intenso, que exigiu reanimação.
Parentes da adolescente relataram que houve demora na definição da via de parto (cesárea ou normal), e que não foi realizado exame interno pelo IML, o que causou ainda mais indignação. Pacientes e acompanhantes também denunciaram que foram impedidos de usar celulares no hospital, o que dificultaria o registro de condições precárias na unidade.
A Polícia Civil instaurou inquérito por meio da Seccional de Marabá e realiza diligências, como perícias e oitiva de testemunhas. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) confirmou que o parto não foi realizado no Hospital Regional, apenas a internação em estado gravíssimo após transferência do HMI.
O caso tem gerado forte comoção e pressão de entidades ligadas aos direitos indígenas e à saúde da mulher, que cobram respostas sobre a conduta da equipe médica e a possível negligência durante o atendimento.
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