A liderança indígena Dada Borari divulgou nesta segunda-feira (27) um vídeo em que rebate declarações do governador Helder Barbalho (MDB), feitas durante uma entrevista a um veículo de TV local. Os indígenas estão no 15º dia de ocupação na sede da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc).
Na entrevista, o governador afirmou ter se reunido com diversas etnias para discutir políticas públicas relacionadas à “educação indígena”. No entanto, a liderança contestou a declaração: “Não é ensino indígena, é ensino escolar indígena, pois trabalha a interdisciplinaridade. Ele nem sabe”, disse.
Dada Borari também criticou a abrangência das reuniões mencionadas pelo governador: “Quando ele chamou um grupo indígena, ele se referiu aos indígenas que estão no governo. Para realizar uma escuta, é necessário reunir todos os grupos.”
O governador também mencionou que das oito etno-regiões indígenas, sete estiveram representadas em encontro promovido pelo governo na última sexta-feira (24), citando que só o grupo que está ocupando o prédio da Seduc não esteve presente. “Eu mesmo pedi que viessem, mas não compareceram. Toda manifestação é justa, mas quando você se manifesta, precisa estar aberto ao diálogo.”
Por outro lado, Dada Borari afirmou que, apesar de estarem acampados há 14 dias, o governador não compareceu para dialogar: “Se ele está aberto ao diálogo, nós estamos aqui há 14 dias, e ele ainda não veio. Quem está dificultando é ele. Está claro que ele não quer diálogo com a gente.”
Veja o vídeo:
Motivações do protesto
Os manifestantes protestam contra cortes no financiamento da educação para comunidades indígenas e quilombolas, atribuídos à Lei 10.820/2024. Entre as principais reivindicações estão:
- Revogação da lei;
- Exoneração do Secretário de Educação, Rossieli Soares.
A nova legislação tem sido alvo de críticas por substituir parte do ensino presencial por aulas online. De acordo com as lideranças indígenas, a medida compromete o aprendizado nas aldeias devido à falta de acesso à internet, barreiras linguísticas – já que muitos estudantes não falam português – e dificuldades em adaptar o modelo de ensino à distância às realidades locais.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, está em Belém para tentar mediar o conflito.
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