Igor Normando diz não ter vergonha dos problemas de Belém na COP30

Prefeito reconhece desafios da capital paraense, mas afirma que o evento deve priorizar o cuidado com as pessoas e o planeta.

O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), saiu em defesa da capital paraense diante das crescentes preocupações sobre a capacidade da cidade de sediar a COP30, marcada para novembro de 2025. Em evento promovido pelo AYA Earth Partners em São Paulo, o gestor afirmou que não tem vergonha dos problemas da cidade e pediu que a conferência seja encarada como uma oportunidade de transformação social e ambiental da Amazônia.

Durante sua fala, Normando criticou a ênfase midiática na infraestrutura hoteleira da cidade, apontando que o verdadeiro foco do evento deveria ser o combate às mudanças climáticas e a proteção dos povos da floresta. “O que mais se vê em parcelas da imprensa, e até mesmo em pessoas que vivem em Belém, é se vai haver vaga de hotel cinco estrelas para se hospedar. Será que esse é o real motivo do evento?”, questionou.

A falta de hospedagem é um dos principais desafios para a realização da cúpula climática. Segundo o governo federal, Belém conta hoje com 36 mil leitos garantidos, mas a meta é atingir 50 mil vagas até novembro. Com a demanda elevada, plataformas de aluguel temporário já registram preços abusivos, com diárias que somam mais de R$ 2 milhões por 15 dias. A estratégia do governo inclui negociações com hotéis e o uso de cruzeiros, que devem adicionar 6 mil leitos à oferta local, embora ainda sem contratos fechados.

Normando ressaltou que Belém já recebe eventos de grande porte, como o Círio de Nazaré, que em 2023 atraiu 89 mil turistas e reuniu cerca de 2 milhões de pessoas. A expectativa para a COP30 é de um público em torno de 60 mil participantes.

Em sua fala, o prefeito também destacou que Belém é a capital mais favelizada do Brasil e que muitos moradores ainda vivem em palafitas e sem saneamento básico. “Eu não tenho vergonha disso, porque o que eu estou hoje aqui é pedindo e fazendo um apelo”, declarou. Segundo ele, a COP30 deve ser um marco não apenas ambiental, mas também de justiça social para quem vive na Amazônia.

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