Hospital alerta para sinais precoces e fatores de risco da Doença de Parkinson

Distúrbios do sono, alterações de humor, dores inexplicáveis e até mesmo a perda do olfato podem ser os primeiros indícios da doença.

Foto divulgação

Tremores e rigidez muscular são os sintomas mais conhecidos da Doença de Parkinson, mas médicos do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em neurologia na Região Norte, alertam que os sinais iniciais podem ser mais sutis e frequentemente ignorados. Distúrbios do sono, alterações de humor, dores inexplicáveis e até mesmo a perda do olfato podem ser os primeiros indícios da doença, que ainda não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento adequado.

Segundo o neurologista Bruno Lopes, do HOL, o Parkinson é uma condição crônica e progressiva, causada pela degeneração das células nervosas localizadas na região da substância negra, no cérebro. A doença afeta os movimentos e pode comprometer outras funções cognitivas e comportamentais.

— “A idade é o principal fator de risco, mas não o único. Existem elementos genéticos e ambientais associados ao surgimento da doença. Entre eles, a exposição a pesticidas, como o glifosato e a atrazina, é um dos mais estudados”, explica o médico.

O especialista ressalta que o contato com pesticidas pode acontecer por meio da pele, respiração ou ingestão de alimentos contaminados, e que até o uso de inseticidas comuns em ambientes domésticos pode representar um risco a longo prazo.

Casos precoces também preocupam

Embora a maioria dos pacientes tenha mais de 50 anos, o hospital tem observado casos em pessoas mais jovens. “Temos pacientes com menos de 40 anos. Muitos vivem em áreas rurais, o que pode indicar um vínculo direto com a exposição a agrotóxicos”, destacou Bruno Lopes.

É o caso do músico Marcelo Formento, 40 anos, morador de Bragança, que começou a apresentar sintomas em 2016, mas só iniciou o tratamento em 2021. “Eu era baterista e percebi que não conseguia mais fazer movimentos automáticos. Entrei em desespero”, conta. Hoje, ele faz acompanhamento no HOL a cada três meses e utiliza medicamentos que o ajudam a manter a qualidade de vida. “O tratamento me devolveu a liberdade de movimento”, disse.

Sintomas invisíveis

De acordo com o neurologista, um dos sintomas mais relevantes no início da doença é o chamado distúrbio comportamental do sono REM, no qual o paciente executa fisicamente ações vividas nos sonhos — um fenômeno perigoso que pode provocar quedas ou ferimentos durante a noite.

— “O paciente que se movimenta durante o sono REM tem uma probabilidade de 80% a 90% de desenvolver Parkinson nos próximos 10 anos. Esse é um sinal de alerta que deve ser levado a sério”, adverte Bruno Lopes.

Além do distúrbio do sono, sinais como perda do olfato e alterações emocionais também devem ser observados. O médico reforça que o diagnóstico precoce, aliado à conscientização sobre os fatores de risco ambientais, é essencial para garantir maior qualidade de vida aos pacientes.

O Ambulatório de Distúrbios do Movimento do HOL atende atualmente cerca de 100 pacientes com Parkinson, todos encaminhados via SUS pela Central de Regulação. O hospital oferece acompanhamento contínuo e prescrição de medicamentos que ajudam no controle dos sintomas.

Prevenção e informação

A Polícia Militar e o próprio hospital incentivam a população a buscar conhecimento sobre primeiros sintomas e a evitar o uso excessivo de pesticidas e inseticidas. “Quanto mais cedo a doença for detectada, maiores são as chances de retardar sua progressão e manter a autonomia dos pacientes por mais tempo”, conclui Bruno Lopes.

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