Governo x Prefeitura: Diário do Pará divulga cancelamento de títulos e secretário acusa de fake news

Recentemente, foi veiculado no jornal Diário do Pará, que esse programa estaria "apresentando diversas irregularidades", fazendo com que ao menos 15 mil títulos de terra "pudessem ser anulados". Lélio Costa, presidente da CODEM acusa a matéria como Fake News e diz que uma deputada federal tem interesses ocultos em querer impedir a regularização de áreas de interesse social.

O programa “Terra da Gente” foi recentemente selecionado pelo Ministério das Cidades em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente como uma das cinco iniciativas de referência nacional para o ordenamento territorial. Criado pela Prefeitura de Belém em 2021, por meio de legislação municipal, o programa é executado pela Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana (Codem), tendo beneficiado mais de 15 mil famílias até o momento, com a entrega do título de propriedade definitiva.

Na última terça-feira (27), foi publicada uma reportagem no Jornal Diário do Pará, administrado pela família Barbalho e principal porta-voz do Governo do Estado, sobre supostas irregularidades no programa apontadas pelo superintendente do patrimônio da União no Pará, Marcos Antonio de Souza. A suposta irregularidade, segundo Marcos, poderia anular 15 mil títulos de terra em Belém.

Conforme apurado por nossa redação, Marcos Antonio de Souza exerceu o cargo de assessor parlamentar da da deputada federal Renilce Nicodemos (MDB), de Janeiro de 2023 a Janeiro de 2024 e então foi nomeado superintendente do Patrimônio da União no Pará.

A Prefeitura de Belém nega qualquer irregularidade no programa, destacando que este é conduzido com base em estudos técnicos e consulta a todos os órgãos envolvidos, incluindo a Superintendência de Patrimônio da União. Seguindo os protocolos estabelecidos pelo artigo 20 da Lei Federal nº 13.465 de 2017, os processos de regularização são abertos a manifestações e possíveis impugnações dentro de um prazo de 30 dias.

Em resposta à matéria de capa do jornal Diário do Pará, o ex-deputado estadual e atual presidente da CODEM, Lélio Costa gravou um vídeo defendendo o programa “Terra da Gente”, a gestão do prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) e disse que uma deputada federal tem interesses ocultos em querer atacar o programa e as famílias pobres que precisam dele.

Assista:

Objetivo do “Terra da Gente”

O “Terra da Gente”, iniciativa liderada pelo prefeito Edmilson Rodrigues, visa facilitar a entrega de títulos de propriedade a famílias cujas terras se encontram em situação irregular, possibilitando assim a regularização fundiária de terrenos nos diversos bairros de Belém.

Caso não haja impugnações, a Codem encaminha a documentação aos cartórios de registro de imóveis, os quais realizam uma nova consulta e notificação à Superintendência de Patrimônio da União para possíveis manifestações e impugnações, concedendo um novo prazo de 30 dias.

Confira um trecho da matéria do Diário do Pará:

A denúncia, encaminhada ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI), diz que a transferência de imóveis da União para o programa do prefeito Edmilson Rodrigues, foi realizada de maneira incorreta. As irregularidades envolveriam um servidor de dentro da própria SPU/PA que, mesmo ciente de que não poderia dar prosseguimento aos despachos expedidos à Codem, deu continuidade ao processo apontado como irregular.

O servidor, identificado como A.S.E., foi responsável por assinar Notas Técnicas do órgão autorizando a Codem e a Prefeitura de Belém a instituírem a regularização fundiária em áreas consideradas controversas. A denúncia também cita o ex-superintendente interino da SPU/PA identificado como C.R.L.M.”, escreveu a jornalista Luíza Mello, repórter do Diário do Pará.

A equipe de reportagem do Portal Estado do Pará Online entrou em contato com o diretor-presidente da Codem, Lélio Costa, que se referiu a matéria do jornal como fake news e nos enviou a nota completa emitida pela prefeitura sobre o assunto. Confira:

“A Prefeitura de Belém, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém – Codem, informa que o Programa de Regularização Fundiária de Interesse Social Terra da Gente é desenvolvido em parceria com o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, e cartórios de imóveis da capital. Também integra o Programa Solo Seguro, coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça, por meio de Acordo de Cooperação com o Tribunal de Justiça do Estado e atende a todos os trâmites administrativos e legais estabelecidos.

Criado para combater à irregularidade fundiária, com prioridade para mulheres chefes de família em situação de vulnerabilidade nos bairros periféricos, o “Terra da Gente” realiza estudos técnicos e consulta todos os órgãos interessados, incluindo a Superintendência de Patrimônio da União, para manifestação e possível impugnação do processo de regularização, num prazo de 30 dias, de acordo com o art. 20 da Lei Federal nº 13.465/2017.

Sem impugnação, a Codem encaminha a documentação aos cartórios de registro de imóveis, que realizam nova consulta e notificação da Superintendência de Patrimônio da União para manifestação e possível impugnação, com novo prazo de mais 30 dias.

Os procedimentos foram adotados em relação aos bairros do Jurunas, Guamá, Fátima e Pedreira. Diante da falta de retorno da SPU à Prefeitura de Belém e aos cartórios, os processos foram paralisados e a Codem restringiu o trabalho de regularização fundiária às áreas com matrículas registradas pelo Município, resultantes da incorporação dos bens dados à intendência municipal no período colonial, sem infringir terrenos não demarcados e sem ilegalidade jurídica de títulos de propriedade.

Com isso, concluiu-se a entrega e registros das certidões no bairro da Pedreira, limitando-se apenas às áreas de dominialidade municipal, em cumprimento à execução da Política Urbana da Regularização Fundiária, de responsabilidade da Prefeitura (art. 182 CRFB/88).

Desse modo, a CODEM reitera que cumpriu os procedimentos técnicos exigidos pela legislação federal para resguardar a função social da propriedade e os ditames constitucionais dos direitos sociais à moradia em todos os bairros atendidos.

Enquanto isso, a Codem reforça a importância da parceria municipal com a SPU para garantir o direito social de milhares de famílias em situação de vulnerabilidades que aguardam o acesso permanente ao título de propriedade do lugar onde moram”, finaliza.

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