Um psiquiatra foi flagrado tratando de forma inadequada uma criança com transtorno do espectro autista (TEA) durante uma consulta em um edifício comercial no centro de Belém. O caso ocorreu nesta sexta-feira (24).
Segundo informações do Uruá-Tapera, o episódio aconteceu durante uma avaliação psiquiátrica realizada pela manhã. O psiquiatra Dennys Ranieri, que atende no edifício Real One, no bairro de Nazaré, em Belém, foi registrado em vídeo expulsando a mãe e a criança de seu consultório, alegando que a mãe não estava controlando os comportamentos do filho.
Várias pessoas comentaram nas redes sociais que o médico, que atua em diversos convênios de saúde, como Unimed, Bradesco e Hapvida, está acostumado a destratar os pacientes.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) emitiu nota informando que está apurando o caso.
Má fama entre os pacientes
Vários internautas comentaram nas publicações sobre o caso, relatando constantes destratos do médico com os pacientes.
“Tive uma consulta com ele pra nunca mais! Péssimo atendimento e zero empatia com os pacientes”, disse uma seguidora no Instagram.
“Mas esse aí já tem fama de péssimo profissional faz é tempo!”, afirmou outra.
“Não é a primeira vez que este médico faz esse tipo de coisa, ele já é acostumado a destratar os pacientes, com meu filho também ocorreu porém foi dentro do consultório e não tinha ninguém pra gravar como prova e eu só engoli o choro e fui embora pra nunca mais voltar”, revelou outro seguidor.
O médico, inclusive, já foi tema de uma matéria no Globo Repórter, no ano de 2011. Na ocasião, Dennys Ranieri se atrasou durante uma troca de plantão no então Pronto-Socorro Abelardo Santos, em Icoaraci, colocando a culpa nos pacientes. Ele disse que ficou preso no trânsito e a culpa da demora era dos pacientes da unidade de saúde.
Posicionamento
Contatado pela equipe do Estado do Pará Online, o médico psiquiatra se pronunciou por meio de nota. Confira na íntegra!
O paciente ao adentrar no consultório, desde o início da consulta estava totalmente descontrolado, agitado, agredindo fisicamente o tio que estava tentando conter o mesmo mas sem eficácia. A criança chutava, dava socos e gritava sem parar. Ela estava em mãos com massinha de modelar e um caderno de capa dura que agitava e arremessava a todo momento. Lançava o caderno e os utensílios em direção ao tio com agressividade.
Falei com os responsáveis mais de uma vez para que se acalmassem e tentassem acalmar a criança mas sem sucesso em nenhum momento. Porém, o paciente pegou o ultensílio grande e pesado (do tamanho de uma bola de tênis) que estava em sua mão e jogou com agressividade – muita força e velocidade em minha direção, atingindo meu rosto.
Ao receber o impacto do material no rosto, imediatamente o joguei para baixo de minha cadeira e pedi novamente que a criança acalmasse e que os responsáveis tentassem conte-la. Sem sucesso novamente. A criança continuava solta, agressiva, resistente a tentativa de tio de contê-la e com o todos os materiais em mãos e risco de pegar outros (mais pesados e mais arriscados) que estavam disponíveis em consultório.
Dessa forma, entendi que não seria possível o atendimento com a presença do paciente agitado e agressivo, sem controle como estava.
Solicitei então que a criança e o tio se retirassem da sala e esperassem que eu finalizasse o atendimento com mãe. Pedi para que a mesma ficasse em consultório pois com o que vi e com seu relato materno já seria de grande valia para a minha conduta.
A criança já possuía um diagnóstico, segundo a própria genitora (que não me cabe expressar por sigilo de ética profissional).
Então, sugeri que a genitora permanecesse em sala para que eu pudesse prescrever as medicações adequadas ao caso, fazer todos os documentos necessários.
Porém, a mãe se recusou a conduta final do atendimento médico. Tornando-se relutando as minhas tentativas de finalização da consulta. Prontamente, recusou prescrição e demais condutas que me coloquei disponível a realizar. A responsável, então, saiu do consultório médico junto com paciente e outro responsável.
Foi nesse momento então, ao perceber resistência dos responsáveis e a contínua agitação da criança, que me recusei a permanecer em atendimento médico. Sugerindo que os mesmos se retirassem do recinto. Diante disso, informo que em nenhum momento foi negado atendimento.
Porém, o vídeo que está sendo amplamente divulgado não possui a visualização do atendimento médico dentro do consultório e foi adulterado em seu conteúdo como um todo – sendo cortado somente para expressar o que se queria.
Como médico psiquiatra, entendo a importância do acolhimento e do bem-estar físico e mental dos meus pacientes.
Tenho outros pacientes com diagnósticos semelhantes e tantos outros transtornos mentais e valorizo suas queixas.
Entendo suas realidades e suas demandas e estimulo familiares a participar ativamente das suas consultas. Cooperando também para melhor avaliação e apoio durante todo o tratamento médico.
Contudo, nunca havia passado por essa situação de ser agredido fisicamente e ter me sentido ameaçado pelo paciente e pouca efetividade de responsáveis em contenção.
Opto muitas vezes nesses casos até por consultas domiciliares ou tele-medicina já que manteria o paciente seguro em ambientes familiares e conhecidos.
Dessa forma, tomei uma atitude firme e assertiva naquele momento pensamento no bem estar de todos – meu, dos meus colaboradores e dos demais pacientes que estavam aguardando atendimento.
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