O governo federal abriu um procedimento para apurar supostos preços abusivos cobrados por hotéis em Belém durante a COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, prevista para novembro de 2025. A ação da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública, já notificou pelo menos 23 estabelecimentos da capital paraense.
Segundo documento obtido pela CNN, a Senacon classificou os aumentos como uma “ameaça à imagem institucional do Brasil no cenário internacional“, ressaltando que tais práticas violam o direito do consumidor e podem comprometer a reputação do país como anfitrião de grandes eventos globais.
De acordo com a investigação, pacotes de hospedagem para o evento estão sendo vendidos por valores que podem chegar a R$ 2 milhões, uma alta de cerca de 1000% em relação à média histórica do setor local. As notificações enviadas no início de junho exigem informações detalhadas, como:
- Comparativo dos preços praticados durante a COP30 e o Círio de Nazaré, tradicional evento religioso local;
- Notas fiscais de investimentos em infraestrutura;
- Contratos com fornecedores;
- Planilhas de custos operacionais e de pessoal.
Reação do setor hoteleiro
A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) no Pará manifestou preocupação e solicitou que a Senacon reavalie o procedimento. Em nota, a entidade argumenta que o processo foi motivado por reportagens e não por estudos técnicos, classificando-o como “especulativo”. Também critica o volume e a natureza das informações solicitadas, consideradas sensíveis e estratégicas, o que poderia prejudicar a competitividade do setor.
A ABIH contestou ainda a comparação dos preços com os praticados durante o Círio de Nazaré, apontando que o perfil dos públicos dos dois eventos é bastante distinto. Enquanto o Círio atrai principalmente peregrinos, a COP30 reunirá delegações internacionais, autoridades, imprensa global e empresas, com demandas e exigências logísticas muito maiores.
A associação expressa “profunda preocupação” com a solicitação de dados fiscais e contratuais, que poderiam impactar a forma como os hotéis estruturam seus negócios e atuam no mercado.
Medidas do governo e impacto na organização
A alta nos preços e a ocupação limitada da rede hoteleira de Belém têm gerado preocupação tanto no governo quanto na organização da COP30. Em maio, o presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que os valores praticados estavam “incompatíveis” com o necessário para receber as delegações internacionais.
Diante dessas dificuldades, o governo optou por realizar a Cúpula de Líderes da COP30 em Brasília (DF), antes do evento principal, que acontecerá em Belém. As datas para a cúpula ainda não foram definidas.
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