A proposta de reforma administrativa apresentada pelo prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), tem gerado forte repercussão negativa, especialmente pela ideia de extinguir a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) e fundi-la com a Guarda Municipal, transferindo parte da responsabilidade de fiscalização do trânsito à Polícia Militar. A medida levanta questionamentos sobre possíveis impactos na mobilidade urbana, na segurança pública e na eficiência da gestão do transporte na capital paraense.
O ex-vereador Fernando Carneiro (Psol), que já foi diretor da Semob, considera a proposta um retrocesso. Ele ressalta que a gestão de trânsito exige abordagem técnica e integrada, com foco em engenharia e planejamento, além da fiscalização. Carneiro também aponta que a Semob desempenha um papel crucial na administração do transporte público, cuja destinação na nova estrutura não está clara. Ele critica ainda a falta de diálogo com servidores e a população antes de formular mudanças tão profundas.
“Trânsito, hoje em dia, é sobretudo engenharia. A fiscalização pode e deve ser feita pelos agentes e pelo Detran. Mas mais grave é o transporte (lembremos que a Semob cuida também do Transporte) que vai ficar onde? Sob cuidados da PM também?”, afirma ele.
Nas redes sociais, moradores de Belém expressam preocupações semelhantes, destacando os riscos de sobrecarregar a Polícia Militar e de enfraquecer a segurança pública. Há temores de que a mudança favoreça um aumento descontrolado de multas, o que levou internautas a sugerirem a instalação de câmeras nos veículos como medida preventiva contra possíveis abusos. Outra demanda recorrente é a realização de concursos públicos para ampliar o efetivo da Semob e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), evitando transferir competências para a PM.
A adoção de tecnologias avançadas também surge como alternativa para melhorar o trânsito em Belém. Segundo o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (Renaest), entre 2011 e 2020, o uso de tecnologias reduziu até 35 vezes as infrações em locais monitorados. Esses dados reforçam a necessidade de modernização e planejamento técnico, em vez de soluções que possam comprometer a estrutura existente. A proposta segue sendo amplamente debatida, com críticas focadas na transparência do processo e no impacto para os cidadãos.
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