Cinco trabalhadores rurais são mortos durante operação da Polícia Civil na fazenda Mutamba, em Marabá

Os trabalhadores estavam dormindo quando a polícia teria invadido suas casas por volta das 4h da manhã

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Cinco trabalhadores rurais foram mortos na madrugada desta sexta-feira (11) durante uma operação da Polícia Civil na fazenda Mutamba, localizada no município de Marabá. A ação policial ocorreu no contexto de um conflito agrário na região, e tinha como objetivo cumprir mandados de prisão preventiva e busca e apreensão. As mortes, no entanto, levantaram sérias preocupações sobre o uso excessivo da força por parte dos policiais.

Segundo informações recebidas pela Defensoria Pública do Estado, os trabalhadores estavam dormindo quando a polícia teria invadido suas casas por volta das 4h da manhã. Disparos de armas de fogo teriam sido efetuados contra as vítimas, que foram surpreendidas em suas redes. As identidades dos mortos ainda não foram divulgadas oficialmente.

Em depoimentos colhidos pela Defensoria Pública, ocupantes da área, incluindo mulheres e crianças, relataram a brutalidade da ação, descrevendo uma verdadeira “invasão” da fazenda. Um áudio enviado por um dos sobreviventes, que está escondido, traz uma declaração alarmante: ele teme por sua vida e relata que ouviu que havia ordens para sua execução imediata.

A fazenda Mutamba é objeto de um processo judicial na vara agrária de Marabá, onde os ocupantes lutam pela regularização fundiária. A região está marcada por conflitos agrários de longa data, envolvendo interesses de grandes proprietários de terras e trabalhadores rurais em busca de assentamento.

A Polícia Civil do Pará, por meio da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (DECA), que coordenou a operação, ainda não se pronunciou sobre as denúncias de uso excessivo da força. No entanto, a operação visava cumprir decisões judiciais relacionadas ao processo agrário da fazenda. 

Por outro lado, a Defensoria Pública solicitou a suspensão imediata das medidas cautelares decretadas no processo, assim como a retirada das autoridades policiais da área, com o objetivo de evitar novos confrontos e mortes.

A Defensoria também declarou que, apesar de ainda não ter realizado diligências no local por questões de segurança, as denúncias de graves violações dos direitos humanos não podem ser ignoradas. A instituição alertou para o risco de uma possível nova chacina no estado, caso as ações policiais não sejam interrompidas.

As investigações continuam em andamento, e a expectativa é de que os responsáveis pelos possíveis abusos sejam identificados.

Em atualização

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