Censo do IBGE aponta 391 etnias indígenas e 295 línguas no Brasil, com avanço no Pará - Estado do Pará Online

Censo do IBGE aponta 391 etnias indígenas e 295 línguas no Brasil, com avanço no Pará

Aumento resulta de mudanças na metodologia e do fortalecimento do resgate cultural entre os povos originários; estado passou de 57 para 88 etnias identificadas em 12 anos

O Censo Demográfico 2022 identificou 391 etnias indígenas e 295 línguas faladas no Brasil, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento aponta crescimento expressivo em relação a 2010, quando haviam sido registradas 305 etnias e 274 línguas.

O avanço, de acordo com o IBGE, está relacionado a alterações na metodologia de coleta, que permitiram maior detalhamento das informações, e também a iniciativas das próprias comunidades para valorizar e resgatar suas línguas e identidades. Ao todo, 1,69 milhão de pessoas se autodeclararam indígenas no país, o que representa 0,83% da população brasileira de 203 milhões de habitantes.

Dados do Censo mostram que as etnias mais numerosas são a Tikuna, com 74.061 pessoas; a Kokama, com 64.327; e a Makuxí, com 53.446. As línguas mais faladas seguem a mesma tendência: Tikúna, Guarani Kaiowá e Guajajara concentram a maior parte dos falantes. O IBGE também registrou que 474,8 mil indígenas — quase 30% do total — utilizam línguas originárias em seus domicílios.

Em comparação com 2010, o número de povos indígenas vivendo fora das terras demarcadas aumentou. Hoje, 53,97% da população indígena vive em áreas urbanas, invertendo a predominância rural observada há 12 anos. Cidades como São Paulo, Manaus e Rio de Janeiro reúnem o maior número de etnias, enquanto no Pará o destaque é Santarém, com 87 grupos identificados.

No território nacional, o Amazonas lidera em diversidade dentro das terras indígenas, com 95 etnias. O Pará aparece em seguida, com 88 — um aumento expressivo em relação às 57 registradas no censo anterior. O gerente de Territórios Tradicionais do IBGE, Fernando Damasco, destacou que o crescimento também reflete migrações recentes, como a de povos Warao vindos da Venezuela.

A gerente de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, afirmou que as informações detalhadas permitirão políticas públicas mais específicas para cada povo. Segundo ela, o objetivo é compreender onde vivem as comunidades, se dentro ou fora das terras indígenas, e ajustar as ações do Estado às realidades culturais e territoriais de cada etnia.

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