Presentes nas ruas, feiras, lixões e centros urbanos de todo o país, os catadores informais de materiais recicláveis desempenham um papel essencial para o meio ambiente e a economia brasileira — ainda que, muitas vezes, passem despercebidos pela sociedade.
Responsáveis por cerca de 90% de tudo o que é reciclado no Brasil, segundo dados do Ipea, esses trabalhadores representam uma alternativa concreta de renda e inclusão social para milhares de brasileiros em situação de vulnerabilidade.
Reconhecer a importância deles é também repensar no compromisso com a sustentabilidade e a justiça social. Sabendo disso, a Belém se uniu a Aracaju, Recife, Belo Horizonte e Brasília no “Conexão Cidadã”, buscando oferecer dignidade e cidadania aos trabalhadores.
O atendimento será realizado em uma unidade móvel adaptada com estrutura completa, incluindo divisórias internas, refrigerador, banheiro, mobiliário, climatização e TV. Esse veículo irá percorrer diversos pontos da cidade levando serviços essenciais voltados à promoção da saúde, como orientação sobre primeiros socorros, vacinação e alimentação segura.
Além disso, serão oferecidos suporte jurídico, informações sobre direitos trabalhistas, auxílio na emissão de documentos e acompanhamento psicológico, com foco em combater o preconceito enfrentado diariamente por muitos. A iniciativa é voltada especialmente para catadores informais em situação de vulnerabilidade social e pessoas em situação de rua.
“A prefeitura está de portas abertas para oferecer todo o suporte necessário que esse projeto merece, um projeto que traz cidadania para as pessoas. Nós estamos no ano da COP-30, o mundo todo está olhando para Belém, e nós precisamos ser um exemplo de cidadania e de inclusão”, disse Igor Normando, prefeito de Belém.
Identificar onde estão, como atuam e quais desafios enfrentam permite que iniciativas sociais, de saúde e de cidadania cheguem com mais eficácia até eles, conforme explica a mobilizadora do projeto Conexão Cidadã em Belém, Débora Bahia.
“O primeiro território que mapeamos foi o Ver-o-Peso, para compreendermos como esses catadores se movimentam, e a gente concluiu que a maioria vive em situação de rua e não possui documentos. O próximo passo será mapear os territórios do Jurunas, Cremação e Condor”, pontuou.
Mapear, escutar e oferecer suporte a esses trabalhadores é um passo decisivo para promover dignidade, garantir direitos e construir uma Belém mais humana, inclusiva e preparada para os desafios globais.
“Esse projeto é muito importante, porque leva dignidade aos catadores que moram na rua. Eu sei como é a gente não ter onde tomar banho, onde se alimentar. Muitos desses catadores têm problemas com a justiça, não tem documentos. Esse projeto pode ser também um incentivo para que a pessoa saia das ruas”, finalizou o catador Antônio Oliveira, de 54 anos, que há 30 trabalha com reclináveis.
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