Bolsonaristas do Pará ficam fora da lista de denunciados à Corregedoria da Câmara por obstrução - Estado do Pará Online

Bolsonaristas do Pará ficam fora da lista de denunciados à Corregedoria da Câmara por obstrução

Embora tenham aparecido gravando vídeos mostrando que estavam na obstrução da mesa diretora da Câmara, os deputados federal do PL no Pará, Caveira, Éder Mauro e Joaquim Passarinho, não foram denunciados à corregedoria parlamentar.

Deputados federais do PL-PA: Joaquim Passarinho, Delegado Caveira e Éder Mauro
Deputados federais do PL-PA: Joaquim Passarinho, Delegado Caveira e Éder Mauro. Foto: Reprodução

Enquanto 14 deputados federais enfrentam denúncias formais à Corregedoria da Câmara por participação no motim que paralisou os trabalhos da Casa por mais de 24 horas, nenhum parlamentar da bancada paraense aparece na lista. O episódio, ocorrido na semana passada, foi motivado pelo protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a denúncia apresentada nesta segunda-feira (11), a Corregedoria terá 48 horas para elaborar pareceres sobre a conduta dos parlamentares.

Possíveis punições

O processo na Corregedoria poderá resultar em punições que vão desde advertências até a suspensão do mandato por até seis meses. Durante o motim, a presidência da Câmara precisou negociar com os envolvidos e chegou a considerar o acionamento da Polícia Legislativa para restabelecer a ordem.

Os denunciados:

  • Allan Garcês (PP-MA)
  • Bia Kicis (PL-DF)
  • Carlos Jordy (PL-RJ)
  • Caroline de Toni (PL-SC)
  • Domingos Sávio (PL-MG)
  • Júlia Zanatta (PL-SC)
  • Marcel van Hattem (Novo-RS)
  • Marco Feliciano (PL-SP)
  • Marcos Pollon (PL-MS)
  • Nikolas Ferreira (PL-MG)
  • Paulo Bilynskyj (PL-SP)
  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
  • Zé Trovão (PL-SC)
  • Zucco (PL-RS)

Ausências sentidas

Todos os acusados são alinhados ao ex-presidente e, segundo a acusação, teriam protagonizado a obstrução como estratégia para pressionar pela aprovação de um projeto de anistia com intuito de livrar Bolsonaro de punições judiciais ligadas à suposta tentativa de golpe.

Apesar de não compor a lista, o deputado federal Caveira (PL), apesar de estar em seu primeiro mandato como parlamentar federal, vem se notabilizando como um bolsonarista com postura radicalizada e polêmicas, entre elas, a última que foi protagonizada na Câmara, quando ergueu uma bandeira em apoio a Trump na Câmara, durante sessão da Comissão de Segurança Pública e gerou reações até entre aliados bolsonaristas.

O ato gerou grande incômodo entre bolsonaristas que repreenderam o colega por desviar o foco da manifestação, marcada para apoiar Jair Bolsonaro. Após o puxão de orelha dos colegas, Caveira pediu desculpas.

Em outros momentos não menos polêmicos, Caveira chamou os holofotes para si ao ser repreendido por tirar microfone da Globo durante coletiva, levar o vereador Zezinho Lima (PL) ao seu gabinete e lá terem posados com armas no Congresso Nacional.

Além de Caveira, os outros dois deputados do PL no Pará estiveram fora da lista, entre eles, o Delegado Éder Mauro, que inclusive gravou vídeo demostrando estar presente na Câmara no dia da obstrução.

Joaquim Passarinho (PL-PA) postou um vídeo mostrando que estava na Câmara dos Deputados no dia citado na matéria, mas não subiu na mesa, como seus colegas de partido e demais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora em risco de sofrerem punições.

A bancada federal paraense é composta pelos seguintes parlamentares:

Dra Alessandra Haber (MDB)

Delegado Eder Mauro (PL)

Elcione (MDB)

Priante (MDB)

Renilce Nicodemos (MDB)

Júnior Ferrari (PSD)

Dilvanda Faro (PT)

Pastor Cláudio Mariano (União)

Antonio Doido (MDB)

Keniston (MDB)

Andreia Siqueira (MDB)

Joaquim Passarinho (PL)

Delegado Caveira (PL)

Olival Marques (MDB)

Airton Faleiro (PT)

Henderson Pinto (MDB)

Raimundo Santos (PSD)

Nos últimos anos, a maior parte da bancada federal do Pará se destacou mais por buscar seus interessesm como a liberação das emendas parlamantares e algumas pautas regionais — como a defesa da mineração, obras de infraestrutura, regularização fundiária no campo e investimentos para a Zona Franca de Barcarena — do que por engajamento em embates de grande repercussão nacional que resultassem em sanções éticas. Durante crises políticas recentes, como o impeachment de Dilma Rousseff (2016) ou os atos de 8 de janeiro de 2023, a participação paraense foi pontual e não esteve entre as mais ruidosas.

Essa postura, que alguns analistas classificam como “pragmática”, tende a resguardar os parlamentares do estado de desgastes institucionais e a manter canais de diálogo com diferentes forças políticas, algo estratégico para garantir recursos e apoio a projetos locais. A nova ausência na lista de denunciados reforça esse perfil, ainda que, nos bastidores, haja divergências internas sobre o papel da bancada em momentos de tensão política nacional.

As assessorias dos deputados federais paraenses citados na matéria foram consultadas e até a publicação, não responderam nosso pedido de posicionamento.

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