Barqueiro carrega crianças nos ombros para garantir que cheguem à escola durante seca em Santarém

Moradores narram ainda que o transporte escolar já estava comprometido em diversas áreas da Resex (Reserva Extrativista), e muitas embarcações enfrentam dificuldades ou estão paralisadas.

Na comunidade Pau da Letra, no distrito de Boim, em Santarém, a seca nos rios é uma dificuldade extra no desafio do transporte escolar de crianças que dependem de embarcações para chegar à escola. Com a estiagem severa que afeta o rio Tapajós, as embarcações não conseguem chegar até a vila de Boim, local onde as crianças estudam.

O barqueiro Lucenildo, responsável pelo transporte escolar de uma localidade daquela região, gerou comoção nas redes sociais ao compartilhar a decisão de carregar treze crianças nos braços, caminhando pela lama e terrenos difíceis, para garantir que chegassem à escola para realizar as provas.

Moradores narram ainda que o transporte escolar já estava comprometido em diversas áreas da Resex (Reserva Extrativista), e muitas embarcações enfrentam dificuldades ou estão paralisadas, transformando o transporte escolar em um desafio.

Em nota ao O Estado Net, o Núcleo de Transporte da Secretaria Municipal de Educação (Semed) destacou a gravidade da situação, afirmando que não há mais alternativas viáveis para o transporte escolar em várias comunidades da região ribeirinha.

Em resposta à dificuldade de manter o transporte fluvial de estudantes nessas regiões mais críticas da estiagem, a secretária de Educação de Santarém, Maria José Maia, afirmou que a Semed já está elaborando um plano de emergência para que os alunos não sejam prejudicados.

A intenção é adaptar soluções semelhantes às implementadas durante a pandemia da Covid-19, quando as atividades pedagógicas foram enviadas para casa dos alunos. “Estamos analisando caso a caso. Em algumas comunidades, há acesso à internet, o que facilita o envio de atividades. Em outras, precisamos contar com o apoio dos professores para entregar as tarefas diretamente,” explicou Maria José.

Ainda segundo a secretária, a equipe técnica da Semed se reunirá com representantes das áreas afetadas, incluindo Arapixuna, Arapiuns, Lago Grande, Tapajós e Várzea, para verificar quais comunidades podem adotar alternativas terrestres para o transporte. Nos casos em que não houver outra opção, a secretaria está considerando a entrega de materiais pedagógicos diretamente nas casas dos alunos para que a educação não seja interrompida.

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