Antigos aliados, hoje adversários: a história e a guerra entre políticos de Ananindeua

O que estamos assistindo envolvendo o governador Helder Barbalho, o prefeito Daniel Santos e o deputado Érick Monteiro é só a ponta de uma grande iceberg, capaz de fazer muita coisa que ainda está submersa, vir à tona com as investigações, se é que elas serão aprofundadas.

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Os ‘agentes de combate ao fogo’ que tentaram agir para evitar o que estamos vendo acontecer entre o governador Helder Barbalho e o prefeito de Ananindeua, Dr Daniel Santos já previam o pior, sendo que o pior ainda nem começou.

Os mais informados sabem e lembram da importância do pacto feito entre os dois jovens políticos, quando lá nas eleições de 2018, Helder tendo saído derrotado de sua primeira tentativa de ser eleito governador em 2014 resolveu procurar ajuda com o seu amigo de infância, naquela altura, vereador em Ananindeua, Érick Monteiro, que presidia o PSDB naquele município e junto com o prefeito Manoel Pioneiro, também do mesmo partido, diziam à época que buscavam mais respeito e consideração por parte do comando de seu grupo político estadual.

Preparando-se para deixar a prefeitura depois de quarto mandatos no cargo, Pioneiro estava aborrecido, pois ficaria sem mandato político logo mais – como está até hoje – mesmo com toda sua vasta experiência e mandatos, tanto no parlamento, quanto no executivo, pois esperava ser apontado pelo PSDB e pelo então governador Simão Jatene, como o seu sucessor, mas o escolhido foi o deputado estadual Márcio Miranda, naquele momento filiado ao DEM e eleito e reeleito presidente da ALEPA por três mandatos consecutivos.

Até o fim do primeiro turno das eleições daquele ano, tudo parecia alinhado. De um lado, o governo tucano e sua base aliada apoiando o candidato a governador, Márcio Miranda. De outro, Helder Barbalho e toda sua avidez e de seu grupo familiar e partidário para voltar ao poder, depois de 20 anos fora do governo estadual, sob o domínio do PSDB, que contava com a ajuda do grupo Liberal e diversos prefeitos e agentes públicos nos poderes legislativo e judiciário.

Ali, na República de Ananindeua foi implantado ainda no primeiro turno, o principal QG ( Quartel General) da campanha da oposição, tendo Helder e sua esposa, dedicados de corpo e alma na tarefa de minar o apoio para Márcio Miranda entre vereadores e lideranças políticas. Líder da “República de Ananindeua”, o prefeito Pioneiro tornou-se inerte, permitindo com que sua base migrasse para a campanha do candidato opositor, como as águas dos canais de Belém correm para o rio Guamá e a Baia do Guajará.

Mas com a máquina a seu favor e a alta rejeição, que historicamente a família Barbalho nutria na Região Metropolitana de Belém, a difícil tarefa de manter a liderança sob Márcio Miranda causava calafrios e ansiedade ao jovem Helder, que em plena campanha eleitoral buscava furar a canoa tucana para que ela naufragasse, mas o tempo era seu inimigo e Márcio Miranda, um mero desconhecido da população crescia nas pesquisas, onde o filho de Jader Barbalho estava estancado.

O jeito foi apelar para que seu amigo Érick Monteiro entrasse no jogo e convencesse Dr Daniel – eleito o deputado mais jovem e o mais votado na história da ALEPA, com 113.588 votos – a abandonar a campanha de Márcio Miranda e declarar apoio a Helder, no segundo turno, afim de levar a maioria dos votos do segundo maior colégio eleitoral do Pará. E assim ocorreu.

Naquele momento, o deputado estadual Chicão era a liderança do MDB mais próxima e devota da família Barbalho e, por isso, o mais cotado para ser o presidente da ALEPA, mas isso mudou com a necessidade do “tudo ou nada”, no segundo turno das eleições de 2018, quando Helder viu a possibilidade de perder sua segunda eleição consecutiva. 

Foi então que Helder pediu e obteve o apoio de Dr. Daniel Santos, no final do primeiro turno, quando este deixou a campanha de Márcio Miranda (DEM), candidato apoiado pelo governador Simão Jatene, do PSDB, o mesmo partido de Daniel, que por sua vez criou um imbróglio, que resultou até em sua expulsão, anulada e reiterada por este ter aderido à campanha de Helder no 2º turno, que foi eleito a partir de uma estratégia fulminante, iniciada e consolidada em Ananindeua e que acabou contaminando os demais municípios com a ideia de que todos estavam abandonando os tucanos, o que acabou dando certo e causando uma revoada de tucanos e outras figuras políticas aliadas de Jatene, já desgastado pelo tempo, rachas e muitos impropérios, para a campanha de Helder15, do MDB. 

Eleito governador, Helder Barbalho chamou Chicão pro canto e avisou-lhe que aguardasse mais um pouco, pois ele, o governador precisaria cumprir o acordo feito com Daniel: A presidência da ALEPA em troca do apoio, no momento decisivo das eleições de 2018.

Na época, Chicão se aborreceu por ter sido preterido e isolou-se por alguns dias, deixando de participar de reuniões convocadas pelo governador eleito. A reação de Chicão não era à toa, já que em 2016 ele havia sido convencido a recuar de sua intenção de disputar a prefeitura e acabou sendo obrigado a apoiar Jefferson Lima, naquele ano o candidato a prefeito de Ananindeua, apontado pelo MDB, no qual Helder manda e ponto final.

Hoje, passados apenas cinco de sua primeira vitória eleitoral como governador, Helder assiste em silêncio Érick falando de contratos envolvendo o escritório de advogados que faz sua defesa pessoal e o IASEP, de onde partiu o descredenciamento dos hospitais Santa Maria e Modelo, de Daniel e Érick, respectivamente.

Em vídeos gravados por profissionais da imprensa, na manhã desta segunda-feira (29), Érick trouxa à tona sinais de que pode vir a revelar muitas informações sobre esquemas envolvendo o IASEP e outros hospitais, os quais praticam o mesmo preço que o Santa Maria, alvo da operação policial coordenada pelo GAECO, sob a justificativa de superfaturamento.

Como deputado, disse que pediu informações sobre contratos realizados pelo IASEP e outros hospitais, tendo inclusive falado de um famoso hospital particular, o qual teria passado um ano recebendo recursos públicos do governo, sem ter atendido nenhum paciente.

Pelo visto, se as investigações forem aprofundadas e não apenas conduzidas de forma parcial, a sociedade paraense poderá ficar sabendo de um grande esquema de corrupção que assola os hospitais que já são poucos e ainda atendem precariamente os servidores públicos estaduais.

No bojo de denúncias recebidas pela redação deste portal, já se encontram documentos que mostram o envolvimento do chefe de gabinete de um deputado estadual e de servidores que supostamente teriam recebido propina de empresas vencedoras de certames para obras e serviços junto ao governo do estado. A apuração jornalística segue até que tenhamos condições de comprovar que estes indícios são realmente relevantes ao conhecimento público, trazendo transparência no trato do dinheiro que os contribuintes paraenses depositam, com seus impostos, nos cofres públicos.

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