Ananindeua está em 2º no ranking de pior abastecimento de água em grandes cidades; Cosanpa se manifesta

Os dados, provenientes de 2022 e compilados em 2024 pelo Instituto Trata Brasil, foram fornecidos pelo SNIS e pelo Ministério das Cidades. Em nota, a Cosanpa informou que irá resolver o problema.

Viaduto de Ananindeua.
Reprodução/Redes Sociais. O Viaduto do Conqueiro é uma das principais rotas de saída e entrada da cidade.

Assim como em Belém, cidade escolhida para sediar a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) em 2025, os moradores de alguns bairros de Ananindeua enfrentam dificuldades com o abastecimento de água. Alguns precisam recorrer a métodos como carregar latas d’água na cabeça ou usar carrinhos de mão para puxar água de poços, muitas vezes localizados em quintais abertos.

Ananindeua, com uma população de 479 mil habitantes e listada entre as cem maiores cidades do Brasil, está em penúltimo no ranking de abastecimento de água, atendendo apenas 42,74% da população. A última posição é ocupada por uma capital, também na região amazônica: Porto Velho, com 41,79%.

Os dados, provenientes de 2022 e compilados em 2024 pelo Instituto Trata Brasil, uma organização composta por empresas do setor de saneamento básico, utilizam informações do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), do Ministério das Cidades.

No bairro Curuçambá, em Ananindeua, os moradores enfrentam períodos de até 15 dias sem água nas torneiras. Nas áreas periféricas do bairro, como em ocupações em áreas de várzea, não há acesso à água encanada. Os moradores da Ocupação Nova Estrela dependem de poços, porém nem todos têm condições de cavar um poço.

Há uma distinção entre poços artesianos, mais profundos e com água de melhor qualidade, e poços rasos, conhecidos como de boca aberta, que têm água mais suja. O custo para cavar um poço artesiano varia entre R$ 2.500 e R$ 3.000, enquanto um poço raso pode custar cerca de R$ 600.

Ananindeua ocupa a 90ª posição no ranking geral de saneamento, elaborado pelo Trata Brasil com base em indicadores das cem maiores cidades brasileiras, até mesmo à frente de Belém, que está em 93º lugar. Entretanto, quando o foco é apenas o abastecimento de água, a cidade vizinha de Belém cai para 99ª. As cinco piores cidades em acesso à água potável estão todas na região amazônica: Porto Velho, Ananindeua, Santarém (PA), Rio Branco e Macapá, respectivamente.

Os dados do SNIS de 2022 revelam que, na região Norte, apenas 64,2% da população é atendida com rede de água e 14,7% com rede de esgoto, os piores indicadores por região. Em todo o país, 84,9% da população tem acesso à água encanada, enquanto a rede de esgoto atinge 56% da população, conforme os dados do SNIS.

Em nota do governo do Pará, a Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) afirmou ter contratado uma operação de crédito junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), no valor de US$ 125 milhões, para um projeto de desenvolvimento de saneamento no Pará.

“Junto ao BNDES, houve aprovação de empréstimo de R$ 314 milhões para estação de tratamento de água que atende a região metropolitana de Belém, segundo a Cosanpa. Estão previstos reforma de setores de distribuição de água, fortalecimento da prestação de serviço e investimento em projetos de esgoto”.

A responsabilidade dos governos estadual e federal

Infelizmente, o estado do Pará ainda é um dos ente federados que ostenta piores índices extremamente negativos em relação à diversas áreas, como: educação, segurança, saúde, educação e desmatamento, mas é o saneamento básico o que mais se destaca, com grande parte da população ainda sem acesso a serviços adequados de água potável e coleta de esgoto. Nesse contexto, a responsabilidade pelo saneamento básico no estado é compartilhada entre a Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) e o governo federal, cada um com suas atribuições e desafios específicos.

A COSANPA, empresa estadual responsável pelo saneamento básico no Pará, tem a missão de garantir o abastecimento de água potável e a coleta e tratamento de esgoto em diversas cidades do estado. No entanto, a empresa enfrenta dificuldades operacionais e financeiras, o que impacta diretamente na qualidade e na eficiência dos serviços prestados à população.

Mesmo assim, uma diretora da COSANPA teve o salário divulgado pelo Sindicato dos Urbanitários. Anadelia Divina Santos foi remunerada com um salário bruto de R$ 51.761,50 no mês de janeiro de 2024, conforme revelam registros da empresa. Esse montante ultrapassa o teto constitucional estabelecido, que equivale ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), fixado em R$ 41.650,92. Leia mais aqui.

Por outro lado, o governo federal também desempenha um papel importante no saneamento básico do Pará, por meio de programas e políticas públicas de responsabilidade do Ministério das Cidades, que tem como titular o irmão do governador Helder Barbalho (MDB), o ministro das Cidades, Jader Filho. Desde que assumiu o cargo, Jader tem dito que está garantindo recursos financeiros e técnicos para a melhoria dos serviços de saneamento básico no estado, mas até agora a população não sentiu nenhuma melhora, pelo contrário.

Nas véspera da COP30 e com tanta propaganda, tudo que a população paraense espera, sobreutudo a mais pobre é a ampliação do acesso a serviços de água potável e esgoto de qualidade, pois são essenciais para a melhoria da qualidade de vida e para o desenvolvimento sustentável do estado.

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